"O Caso Isabella" =Defendendo o Indefensável=
Na vã tentativa de defender o indefensável, os advogados do casal Nardoni-Jatobá estão começando a apelar. A apelar no sentido pejorativo da palavra. Agora resolveram contestar o excelente trabalho da perícia que, segundo eles, foi todo mal feito, feito de qualquer maneira, realizado com a intenção precípua de incriminar os pobres coitadinhos dos acusados.
Do jeito que as coisas estão indo, dentro em pouco estarão alegando que:
- uma das policiais da perícia técnica está acima do peso ideal para uma pessoa de sua altura, o que, evidentemente, prejudica as investigações;
- o técnico que segurou a boneca na janela durante a reconstituição o fez com expressão de maldade. Uma expressão que logicamente poderá prejudicar o andamento das investigações e incrementar a má vontade contra os suspeitos;
- as condições meteorológicas não eram exatamente iguais ao do dia do “acidente” fatal. O vento era mais forte, o sol se pôs alguns segundos mais cedo, um urubu deu algumas rasantes próximo do edifício London, enfim, tudo veio a prejudicar o bom andamento da reconstituição, aliás, simulação do ocorrido;
- as sessenta e quatro testemunhas ouvidas odiavam o casal e tudo fariam para vê-los atrás das grades. Até mesmo inventar ter ouvido brigas, palavrões, discussões, etc. Um pessoal maldoso mesmo e, ainda por cima, coesos em sua maldade;
- a boneca de alguns milhares de dólares usada na reconstituição da queda tinha cento e vinte fios a menos de cabelos que a pobre Isabella, o que põe em risco a veracidade da coisa, já que sua queda, devido a esse fator, foi bem mais rápida até o jardim do edifício;
- a imprensa em nenhum momento fotografou a madrasta em seu melhor ângulo. Em todas as fotos, maldosamente, ela aparece como uma pessoa fria, controlada, com cara de madrasta de história infantil. Tremenda sacanagem a dos repórteres. Os maldosos em nenhum momento captaram seu ar angelical constante. Esperavam o momento certo para fotografá-la com cara de madrasta no pior sentido da palavra;
- claro que Alexandre Nardoni devia primeiro telefonar a seu pai. Quem mais, senão um bom advogado, poderia salvar a vida da menina à distância? Alguns advogados, em caso de extrema necessidade, são capazes até de prestar um socorro urgente via celular, ou até mesmo de realizar uma cirurgia via internet...Pra que o resgate, não é mesmo? Isso devia mesmo ficar para algum vizinho intrometido e prestativo. Sempre aparece um;
- O depoimento de Alexandre Nardoni, enquanto “explicava” o que havia acontecido com sua filha, foi tão emocionante e desesperado quanto o de quem teve o som do carro roubado. Isso, para seus advogados de defesa, deve figurar como prova incontestável de que ele é inocente, que nada tem a temer, visto que desde o começo mostrou que nada deve. Se devesse, teria chorado como qualquer outro pai. Assassino ou não.
Enfim, resta-nos apenas esperar com a absoluta certeza de que talvez, quem sabe, pode ser, que a justiça seja feita um dia desses.