O funeral do rio

Não vamos mutilar o poeta pela sua ausência nas competições; ele é um tri-atleta, pois trabalha harmoniosamente ao mesmo tempo com a mente, o coração e as mãos. É obrigado a praticar alquimia com a respiração de suas emoções – se mal-entendido ou não compreendido. Mesmo assim, nunca pisa em flores, pois seus próximos amores estão nas próximas curvas ou nas próximas esquinas.

Sou um representante legítimo da mistura de raças: nariz pão-de-açúcar, altura e físico de queniano, olhos incolores, rosto eslavo, cabelos crespos e grossos. Em mim habita a astúcia de caçadores indígenas, o universo da dança cósmica da Mãe África e a genialidade de vendas de “Nascibe” da Mãe Turquia.

Ao nascer, eu recebi um livro com páginas todas em branco, e aos meus ouvidos uma voz vinda não sei de onde que me dizia: “Vamos, escreva um livro de duzentas páginas, ta bão?” Mas, duzentas, como?! Não tenho material pra tanto! Mas já estou em prantos! Aguardando o cortejo fúnebre do enterro do rio?!

moraesvirada
Enviado por moraesvirada em 04/05/2008
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