BEIJO DE CRIANÇA

Ontem, um daqueles dias em que uma tristeza melancólica tomava conta do meu ser. Isso me fez não querer levantar da cama e ficar lá encolhida, numa posição fetal, intrinsecamente imóvel. E foi assim que fiquei por algum tempo, sem ânimo e sentindo um certo cansaço da vida. Não queria ver a luz nem qualquer movimento que indicasse vida, ouvir sons, nem pensar... Até que chegaram duas sobrinhas com rostos afáveis e, deixei que ad4entrassem ao meu quarto. Ganhei dois beijinhos. Ao contemplar o sorriso das duas me reanimei. Impressionante como as crianças trazem em si uma alegria plena recheada de pureza, uma percepção de coisas que vai além da capacidade de qualquer adulto e uma energia contagiantemente inesgotável. Difícil ter fôlego pra disputar com uma criança. É uma visão que a criança tem, mesmo sem saber, que capta alegrias, tristezas e qualquer sentimento escondido ou disfarçado pelo adulto. Que bom chegarem as minhas sobrinhas pois, quando eu menos esperei, já estava fazendo guerra de almofadas no sofá com elas. Vejo que o que precisamos, muitas vezes, é disso, tornar-se criança. Esquecer por alguns momentos as mazelas da vida adulta e se fazer criança para sentir a pura alegria, visualizar uma vida que tem muito a ser aproveitada e dar muitas gargalhadas do que para o mundo adulto é besteira. E foi isso que fiz com elas. Me deliciava ao ouvir as boas risadas da pequenininha (Que risada boa!).

Não quero aqui dizer que temos que viver alienados e alheios a tudo que acontece ao nosso redor, mas temos que não nos deixar abater pelas adversidades da vida, sabermos brincar e nos alegrar. Afinal brincar e se alegrar faz um bem incrível pra alma e criança sabe muito bem disso e pode nos ensinar. Não é à toa que é delas o reino dos céus.

Bom que os beijinhos que eu ganhei me deixaram feliz, com um certo ar de boba e cheia de versos infantis na cabeça. Gosto de me sentir assim.

Silvia Pina
Enviado por Silvia Pina em 04/05/2008
Código do texto: T974996
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