NÃO MINTO - 5

Evaldo da Veiga

Não minto, às vezes.
E quase sempre quando se faz necessário, mas sempre fugindo dessa necessidade, porque mentir é uma barra.

Quando acreditam em nossa mentira somos embusteiros, quando não acreditam somos ridículos, mas o pior enfrentamento é aquele que travamos com nós mesmos. Fuga ou estratégia?

Dizem até, que mente quem diz que não mente. Só sei que quando minto sinto-me um tanto sem jeito. Mentira às vezes é um socorro, dá para entender assim?

Nem sei, no fundo mesmo já menti bem mais do que devia, ou do eu queria, ou ainda, do que a elegância permitia.

Sei lá... A solução da mentira, quando alcança, não é verdadeira, por óbvio, e assim o êxito da mentira pode se transformar em derrota.

Mas em realidade, só mente quem foge, e a fuga é a inverdade da vida.

Quem mente, muitas vezes, ou quase sempre, não quer contar a coisa errada que fez. Quando, talvez, a confissão libertasse.

Agora: uma coisa tem que ser tratada com muito cuidado, aquele cuidado maior. E que cuidado é esse? Vou dizendo logo, que o suspense, também, às vezes, é uma espécie camuflada da mentira.
É aquele acontecimento ou sensação que chegam a convite do tesão. Como dizer aquela mulher com quem lidamos, mas sem intimidade bastante, que estamos doidos pra dar “umazinha”? Ai vem à mentira da omissão, sufocamos as palavras que exprimiriam aquele belo e intenso tesão..
E a vida...

Mentira no amor e no tesão é assunto para um imenso Tratado rss