Os Relacionamentos e a Hipocrisia I

Cansa-me a hipocrisia que impera entre as relações sociais. Pior ainda quando ela faz parte dos relacionamentos amorosos. E ao longo da história das instituições familiares a hipocrisia integrou e ainda integra os casamentos e as famílias.

Até o início do século passado a prática era adotada por todas as "boas" famílias. O casamento era sagrado e os homens pulavam a cerca sem que as mulheres sequer ousassem reclamar: uma mulher para ser a mãe dos filhos e outra(s) para o prazer. Esse costume, por incrível que pareça ainda perdura, o que mudou foi a reação das mulheres, que atualmente reclamam e até se separam por esse motivo.

Eles mentem. Elas mentem. Usam jogos de sedução. Eles gostam de mulheres sensuais, mas se assustam quando a mulher assume seus apetites sexuais. Nessa altura, algumas mulheres fingem não ser tão ousadas para não assustar o parceiro. Este, às vezes, disfarça , mas faz suas críticas veladas para deixá-las inseguras.

E pode ocorrer o contrário. Algumas mulheres não gostam tanto assim do sexo com o parceiro e faz de conta que gostam. Simulam excitação (não sei como conseguem) e fingem orgasmo. E eles ficam satisfeitos da vida.

Eles continuam pulando a cerca. Agora elas também pulam. Mas apesar de algumas estatísticas que li por aí, não dá nem para comparar a diferença em números e oportunidades. Eles continuam traindo muito mais.

E negam. Negam até morrer, mesmo que as evidências estejam na marca de batom da cueca ou em fotografias apresentadas por detetives. Para ser justa, acho que algumas mulheres também negam, porém a maioria das mulheres que traem, preferem sair da relação. Ressalto que esse dado vem da observação, não posso confirmar com números.

A hipocrisia começa no namoro. Poucos se mostram como são de verdade. Mostramos - aqui me incluo, pois todos fazemos isso - nosso melhor lado para seduzir e depois vamos nos revelando aos poucos.

É natural, até porque queremos agradar; e ficamos mais atraentes. O feio é continuar jogando nossos defeitos embaixo do tapete com o avanço da relação e surpreender lá na frente quando o parceiro ou parceira se encontra totalmente envolvido.

Eu, uma sonhadora quase irrecuperável, não gosto de hipocrisia e apesar de sonhar com a melhor parte do ser amado, gosto de saber a que veio e aonde pretende ir. Fantasiar dentro dos limites de segurança é válido. Hipocrisia não. Pelo menos não comigo, que não aprendi a jogar.

Evelyne Furtado

05 de maio de 2008.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 05/05/2008
Reeditado em 06/05/2008
Código do texto: T976853
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