"Caso Isabella- Uma Testemunha Incorruptível" =Crônica de um cotidiano infeliz=

Agora que já não há mais qualquer dúvida, que está mais do que provado que os dois são mesmos os monstros que assassinaram Isabella, e que apenas o pai de Alexandre Nardoni e os advogados do casal clamam no deserto pela inocência deles, acho que já posso dizer que lhes desejo, de todo o coração, a mais severa de todas as punições cabíveis, além da torturante lembrança que os acompanhará até o fim de seus dias.

Tenho certeza de que, por mais insensíveis que sejam, jamais conseguirão esquecer que carregam nas costas um lindo e infantil cadáver, vítima da agressividade, da estupidez, da grosseria hedionda de um casal de bestas-feras.

A mais inocente e incorruptível testemunha contou o que viu: o filhinho de apenas três anos de idade de Ana Carolina Jatobá relatou ter visto a mamãe, a afetuosa mãezinha e monstruosa madrasta, estrangulando a menina. Contou ainda que o frouxo e despersonalizado Alexandre Nardoni nada fez para impedir a imensa covardia praticada contra sua própria filha. O asqueroso pai pensou apenas em livrar a cara da companheira atirando a criança pela janela e inventando um álibi estúpido, feito às pressas, cheio de falhas e totalmente inconsistente.

Não foi um crime que se possa rotular de hediondo apenas. Foi um crime repugnante. Um crime de embrulhar o estômago e causar nojo das caras de quem o praticou. Como todos os muitos outros praticados neste país contra crianças indefesas, sejam elas pobres, da classe média ou ricas. Não importa. Importa apenas que a criança é sempre uma indefesa criatura, uma vítima sem chances contra um adulto desvairado.

Durante quase toda minha vida fui contra a pena de morte. Custei muito a acreditar que um dia até pensaria em tal solução para inibir certos tipos de crimes. Hoje em dia sou favorável a ela desde que cabalmente comprovada a culpa do criminoso. Sinceramente, teria até um certo prazer, mórbido, é certo, ao saber que foram executados tipos como os que mataram o menino João Hélio, os que incineraram o repórter, o casal que matou Isabella, o cara que matou com um tiro uma recém-nascida que chorou durante um assalto a banco, e o sujeito que eu vi dando um tiro na cabeça de um jovem que, assustado, deu um passo para trás durante um assalto e caiu no chão. O criminoso não hesitou um segundo: tirou a arma e deu um tiro em direção ao rosto dele. Depois saiu andando tranqüilamente. Por sorte, muita sorte mesmo, ele não percebeu que a bala atingira a vítima bem no alto da cabeça, causando apenas um arranhão profundo. Isso aconteceu em minha presença, a um metro e meio de distância, às dez horas da manhã de um dia qualquer, em pleno centro da cidade de São Paulo.

Depois disso cheguei a sonhar diversas vezes com o criminoso pendurado pelo pescoço em uma corda. E confesso que neste sonho eu estava sempre feliz enquanto via o vagabundo enforcado balançando ao sabor do vento.

Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 07/05/2008
Reeditado em 07/05/2008
Código do texto: T979098
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