EU SÓ QUERIA COMPRAR UM Cd.

Na semana passada, motivado pela reiterada divulgação por um canal de televisão de um Cd, dirigi-me à uma loja especializada para comprá-lo. Fui atendido por uma linda e bem vestida funcionária de não mais do que 20 anos de idade.

Dei-lhe o nome do Cd que me interessava. Ela fez cara de séria e olhou para o teto, talvez procurando suprimir a dúvida, depois olhou para uma colega e não obteve a ajuda esperada; em seguida pediu-me licença e andou até um senhor que se encontrava mais adiante, provavelmente o gerente. Rapidamente voltou e disse:

- Esse Cd ainda não chegou. Com certeza o receberemos na próxima semana.

Indaguei se teriam o Cd do Charles Aznavour, ela sem nada dizer voltou ao suposto gerente e retornou dizendo que não. Já com a cara emburrada.

Desiludido perguntei se ela teria o Cd mais recente do Andrea Bocelli, também anunciado de forma maçante pela televisão, a moça respondeu-me de modo assustada, indagando-me:

- Cd de quem?

Notei que ela nem mesmo sabia de quem eu falava. Senti que perdia meu tempo. Uma atendente totalmente despreparada para a função que exercia. Tive a impressão de ter dito o nome de um cantor de outro planeta. Um artista completamente desconhecido.

Agradeci e fui embora.

Lembrei-me do velho Honorato que conheci na minha infância. Durante anos comandou o seu comércio com mais de mil produtos, desde, generos alimentícios, bebidas, roupas, material de construção, bebidas, anzois e outras coisa mais; sabia o preço e o local onde apanhar. E já contava mais de setenta anos de idade.

Hoje em dia com o advento do computador, não se admite mais uma atitude como o da graciosa atendente. Basta consultar a listagem.

É vital para o êxito de uma tarefa, a preparação para exercê-la. Uma permanente atitude mental interessada por todas as coisas que a rodeiam. Os fatos e circunstâncias, mesmo os que possam parecer sem a menor significação, mais cedo ou mais tarde terão a sua valia.

O interesse em aprender pode ser considerado a porta pela qual a vivência tem oportunidade de manifestar-se com toda a sua plenitude.

Todas as pessoas bem sucedidas, quer nos negócios, quer no campo profissional ou nas mais diversas posições que ocupam, devem isso ao desenvolvimento de seu interesse.

O interesse resulta em versatilidade, ampliação de conhecimentos e maior experiência. Amplia a visão a um ponto tal que torna a capacidade mental mais aguda e mais segura.

Cultivar o interesse por todas as coisas não deve ser conseqüência de urna necessidade ou de urna premência. Infelizmente a maioria das pessoas somente se preocupa com soluções quando se defronta com problemas.

De um modo geral, não há tempo perdido em se interessar pelo que quer que seja. A precaução consiste no discernimento para distinguir o certo do errado.

Um grande apóstolo do Cristianismo recomendou aos que o seguiam: “Examinai tudo e abraçai o que for bom”. Desta forma, tudo pode ser objeto do nosso interesse, não importando a sua natureza.

O importante é saber distinguir o bom do mau e saber tirar disso o máximo proveito, com a adoção de critérios corretos no primeiro caso e na forma de experiência ou de lição no segundo.

De todos os tipos de interesse, nenhum, talvez, seja mais precioso do que o interesse humano.

O interesse humano, na realidade, envolve todos os demais interesses. Conhecer pessoas, quer dizer adquirir experiência.

Mesmo aquelas que possam parecer de ínfima valia aos nossos propósitos sempre têm algo a dizer e a ensinar — se estivermos imbuidos do propósito de extrair lições de tudo — se tivermos a precaução de calar e ouvir.

O interesse, portanto, é a manifestação de integração individual dentro da vida. Quem não alimenta seu interesse, assemelha a um cego que vai ao cinema. Nada vê.

Uma mente permanenternente interessada é uma mente permanentemente preparada para enfrentar com calma as dificuldades e para receber o sucesso com toda a naturalidade.

RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA
Enviado por RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA em 08/05/2008
Código do texto: T980312
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