Saudade do Dia das Mães
Os tempos eram outros, a vida corria sem pressa, os anos passavam calmamente.
As mães também eram outras, sorriam mais, viviam mais felizes, eram gordas e amorosas -e não se envergonhavam de chorar, de sofrer, de se dedicar exclusivamente aos filhos, à família, ao lar.
Naqueles domingos, que na memória sempre eram de sol e claridade, as casas, sempre repletas de crianças, amanheciam em alvoroço.
Todos disputavam o gostinho de ser o primeiro filho a se atirar naquele colo, a beijar aquelas faces, a dizer as palavras decoradas na escola (mas que de tanto serem repetidas, pareciam brotar espontâneas do próprio coração) e a entregar àquela mulher, abençoada entre tantas, uma simples cartinha, uma mensagem de amor, escrita por mãos pequenas e ainda inseguras no traçado as letras!
O ar se enchia de risos, e, um a um, os filhos eram enlaçados pelos braços fortes e, ao mesmo tempo, delicados das doces mãezinhas.
Velhos tempos! Bons tempos!
Tempos em que o sentimento se sobrepunha ao comércio!
Tempos em que mãe era coisa sagrada, era a verdadeira expressão de Deus aqui na Terra!
Ainda são, podem argumentar alguns.
É verdade, mas já perderam o encanto de outrora, ocupadas que estão na rotina da competição profissional, preocupadas em ganhar dinheiro, não apenas para o pão de cada dia, mas para filho ter o celular, o cursinho de inglês, a capoeira, o balé, a natação, a escolinha de futebol... e daqui a muitos anos: a faculdade!
Esquecem-se de que o amor não tem preço, e que as crianças crescem e logo se vão!