"São Francisco de Assis" = Crônica=

Agorinha mesmo fiquei comovido com um presente que ganhei de minha mãe. É um São Francisco artesanal, confeccionado em feltro, com a barba feita de lã marrom e bem engraçadinho como figura.

O que me comoveu não foi o boneco, mas sim a frase que ela enunciou ao avisar-me que havia me comprado um presente:

- Filho, eu te trouxe um presente que achei que combina com você, que gosta muito de animais.

Minha mãe sabe que há muito tempo deixei de ser católico, mas sabe também que nunca deixei de gostar de bichos e de sentir muito pelos maus tratos que eles costumam receber dos chamados seres humanos.

Por coincidência, logo depois ela saiu da sala e deixou a tevê ligada no “Amaury Júnior Show”, e neste programa vi uma tourada acontecendo. Tenho um ódio imenso de touradas, e maior ainda de toureiros, superado apenas pelo ódio que tenho a quem estimula o espetáculo dantesco digno de gente sem o menor resquício de sentimentos. Ou falando o mais claramente possível: tenho o mais genuíno asco de quem gosta de tourada, seja espanhol, português, brasileiro ou alienígena. Em minha opinião quem aplaude uma finta de um toureiro faz parte da escória da humanidade. Ernest Hemingway, o famoso escritor, sempre mereceu meu desprezo por esse motivo e também por enaltecer os covardes caçadores como se fossem seres maravilhosos.

Para estimular ainda mais meu asco, Amaury Júnior entrevistou alguns espanhóis que afirmaram que o “touro bravo não sofre. Se sofresse não continuaria lutando...”. Tipo da argumentação estúpida de um imbecil sádico. Se o coitado luta até o fim deve ser porque tem alguma esperança de salvar a própria vida.

Outro cretino, também entrevistado, comparou a morte do touro na arena com a morte dos animais abatidos para consumo humano. Comparação idiota ao extremo. Basta pensar como seria este mundo se nenhum bicho fosse abatido para nos alimentar. Não poderíamos sequer nos mover entre milhões de galinhas, vacas, cavalos, coelhos, tartarugas, e milhares de outras espécies de mamíferos, ovíparos, etc., etc., transitando pelas ruas de todas as cidades. Basta lembrar quantos coelhos são paridos enquanto uma criança é formada em uma única gravidez. Quantos pintinhos saem dos ovos enquanto uma mulher espera uma criança.

Matar por diversão, matar por apostas, matar para lucrar, matar para ficar famoso, matar para descarregar tensão, matar por matar, são coisas que apetecem apenas a alguns dos mais podres dos seres que habitam este planeta. Adivinhe quem...

Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 11/05/2008
Código do texto: T984434
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