Um pintor

No final da tarde, o pintor começa a trabalhar. Na rua, pessoas andando, baratas de metal soltando fumaça e esgotando suas buzinas. O que importa para o pintor, porém, é o laranja do horizonte, o vermelho que brota de dentro do seu corpo e o branco que se faz no silêncio de seus pensamentos mais profundos.

Enquanto trabalha, o pintor nem se lembra da complexidade cinza do quotidiano. Ele só pensa no azul, no tom que junta céu e água. O pintor só se preocupa com o canto doce dos pássaros, pouco lhe importa o ardor das chaminés! Ele lembra do colorido da alma, não do sem-cor da rotina.

Esse pintor, diferentemente do que vemos por aí, pinta poemas. É um pintor de palavras. No simples, que é a alma, busca sua inspiração. No belo, que é a cor, acha sua ferramenta. No essencial, que é a arte, constrói a sua obra. Pinta letras e transcende o comum.

Luciana
Enviado por Luciana em 15/05/2008
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