Bibliotecário bar

A princípio era um empreendimento comercial, mas como não existiu capital de giro, deixamos o projeto no papel e transformamos em uma crônica diária, titulada Bibliotecário Bar. Era um lugar aconchegante com música ambiente e dançante, afinal as pessoas não vivem paradas em silêncio nas suas 24 horas. Esse bar estaria aberto a qualquer pessoa, independente da sua escolaridade, etnia, sexualidade, religião ou partido político. Os garçons e as garçonetes estariam sempre em alto astral, afinal os 10% da consumação seriam passados na íntegra para eles.

Quanto à decoração do ambiente, permeava entre as pinturas clássicas e as abstratas. Alguns livros decorariam as prateleiras com temas relacionados a culinária, bebidas, etiquetas, artes em geral, sexo, crenças e sentimentos. Haveria exposição de escritores escolhidos pelo público que freqüentasse o bar e assinatura das revistas eróticas Playboy e Gmagazine, já que esses tipos de periódicos não circulam nos ambientes de leitura informal das unidades de informação.

O cardápio seria em formato de um livro em capa dura com todos os elementos pré textuais, textuais e pós textuais. Entre os elementos pré textuais não poderia deixar de haver os agradecimentos aos patrocinadores, é claro! E nos pós textuais, uma excelente bibliografia consultada.

Teríamos, em homenagem aos vultos da biblioteconomia universal, bebidas e comidas simbolizadas com seus nomes. Poderíamos citar os seguintes coquetéis ou drinks: Zenodoto de Éfeso, Calímaco de Cirene, Guntemberg, Diderot, D'alembert, Aldo Múcio, Irmão Grimm, Gabriel Naudé, Kant, Leibnez, São Benedito, São Jerônimo, Engels, Goethe, Strindberg, Berlhoz, Benjamim Franklin, Edgar Hoover,Alfredo Panzini, Anatole France, Anastácio III, Casanova, Ranganathan, Melvil Dewey, Henri de la Fontaine , Paul Otlet, Lancaster, Grogan, Le Coadic, José Ortega Y Gasset, Gaston Litton Jorge Luis Borges, Cultter, Mão Tse-Tung; entre os brasileiros teriamos: Oliveira Lima, , Borba de Moraes, Manuel Cicero Peregrino, Edson Nery, Basto Tigre, José Mindlin, Luis Milanesi, Briquet de Lemos,Murilo Bastos, Robredo, Vergeuiro, Francisco das Chagas, Osvaldo Almeida, Marcílio Freitas, Hélio Monteiro e o neófito Gustavo Henn.

Os pratos quentes e saladas teríamos: Golda Meir, Nadezhda Kruspskaya, Jennifer Rowlwy, Hilda Guevara, Laura Bush. Entre as brasileiras: Laura Russo, Janice Monte-Mor, Alice Príncipe Barbosa, Nice Figueiredo, Miriam Gusmões,Adelfa Figueiredo, Benadete Campello, Alba Maciel, Maria Leitícia, Cordélia Robalinho, Etervina Lima, Heloisa Almeida Prado, Virgínia Bentes ,Kira Tarapanoff, Eliany Alvarenga,Sílvia Cardeal, Silvía Cortez, Mirian Aquino, Josefina Gomes,Suzana Timoteo, e o nosso doce especial Maria Aparecida Esteves Caldas. Esse cardápio estaria aberto a novas bebidas e comidas, que nutrem nossas vidas com informação, conhecimento e diversão. E todos esses nomes estariam em ordem alfabética, não se preocupem.

Também teríamos uma caldeirada chamada AACR2 com todas as suas iguarias e alguns petiscos: CDD, CDU, LC, Colon Classification, Tabela PHA,Cutter Sanborn e uma tábua de frios conhecida por Thesauros dos Deuses, acompanhada dos vinhos rotulados pelos alfarrábios e incunábulos da biblioteconomia. Assim seria o Bar Bibliotecário, um espaço onde cada um escreveria sua autobiografia sem se preocupar com o final. "Voilá" convidamos a todos para inauguração, é só atravessar a rua...

Marcos Soares Mariá
Enviado por Marcos Soares Mariá em 19/05/2008
Reeditado em 21/05/2008
Código do texto: T996074