DAS MÁSCARAS

Infeliz ou felizmente não vivemos mais de simplicidades. Acho que - de fato - depois que aprendemos a escrever e a ler; depois que aprendemos a interpretar os modos, os gestos, as palavras e a frases... as coisas começam mudar de figura; começamos a nos tornar mais observadores em quase todos os momentos; começamos a sermos mais críticos, mais detalhistas, menos espontâneos, mais seletivos e um pouco mais críticos. Começamos a fazer afirmações do certo (estando errado) ou do errado (estando certo)... Nosso livre arbítrio acima de muitas ciências exatas.

Deste modo, não posso dizer que sou simplista... como também não são simplistas todas as pessoas que conheço. Cada um tem um estilo que, de certo modo, para outra pessoa pode ser absurdo. Cada um gosta de uma cor, de uma música, de uma bebida, de uma comida e de alguém. Logo, por regra, abstenho-me, atualmente, de não deixar de observar; necessariamente preciso observar olhares, frases, palavras, gestos.

Neste sentido, me lembro - em muitos momentos - do livro “O Corpo Fala” (Pierre Weil). E é então que realmente percebo que ele - o corpo - fala muito. Olhares, abraços, braços cruzados, pernas cruzadas, apertos de mãos, beijos, selinhos, carinhos. Tudo forma um conjunto de expressões que adicionadas às palavras e às frases demonstram a pessoa dentro dela mesma. E é justamente nessa hora que sabemos quem é cada um que está conosco, pois, impressionantemente, conseguimos traduzi-los por ações e reações, gestos, palavras e jeitos. Por conseguinte, conseguimos evidenciar realmente como muitas pessoas mentem pelas palavras, como muitas pessoas dizem o que não querem dizer, como muitas delas representam - mascaradamente -personagens no circo da vida.

Você pode, com toda certeza, mentir em muitos momentos da sua vida. E é certo que mesmo aplicando a teoria que o corpo fala, das expressões, das palavras, da impostação vocal, dos próprios olhares... poderemos ser vítimas de grandes mentiras; de grandes histórias que nos contam. Contudo, mente mais quem mente para si mesmo do que para outrem; mais abominável é o que se engana do que o tenta enganar a coletividade. Desprezível é o ser... que por gestos, palavras e ações... torna-se um espectro de si mesmo no meio de suas mentiras.

Almas frias dentro do mundo, em muitos momentos vivemos de máscaras, sustentando-nos na corda bamba dos abismos que dividem a vida e a morte, que separam amigos de inimigos, verdadeiros de mentirosos. Saber quem são - ao pé da letra e por regra - os mascarados??? Ah... nunca saberemos realmente! Cada um de nós têm e carrega necessariamente suas máscaras. Cada um trai e se trai, cada um mente para os outros e para si mesmo. Cada um é um espectro de si mesmo... equilibrando-se sobre os abismos, interpretando peças frias no circo da vida.

Oras... isso é imutável, está dentro de cada ser humano, desde a concepção. Eu mesmo, escrevendo está crônica, esqueci quem sou! E você ... ainda se lembra quem é... quem foi?

Adriano Hungarô
Enviado por Adriano Hungarô em 20/05/2008
Código do texto: T997780
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