Acidentes não ocorrem por acaso

Ontem, a pendenga continuava lá pelo congresso onde se colhiam os depoimentos de dois funcionários públicos de carreira. Um vazou informações que todos acham nada tem de sigilosas. Outro as recebeu e repassou para o chefe, um ilustre senador de oposição. Todos alegam não terem repassado para a imprensa, mas esta já sabia de tudo e já divulgava. Mas que grande serviço para a democracia prestam todos esses agentes da política com p minúsculo? Estamos bem informados em matéria de tramas políticas sofisticadíssimas e tão refinadas?

Lá pelas tantas, um senador, ou deputado, com voz grave, toma o microfone e dá um furo jornalístico: um avião caiu sobre um prédio em São Paulo. Volta o caos aéreo para as manchetes e para, quem sabe, novas CPI’s que pressionem o governo com pujança, coisa que essa CPI dos cartões corporativos não conseguiu.

Nem dois minutos se passaram e o furo virou um FURO. Era um incêndio numa fábrica de colchões. E, que melhor lugar para um avião cair do que uma fábrica de colchões? A queda fica acolchoada...

Mas, não havia avião algum, apesar do local do incêndio ficar próximo ao aeroporto, e as televisões mostrarem um avião descendo quase que de três em três minutos, o que torna um acidente provável naquele local, no futuro.

Assim como é possível prever que as CPI’s se sucederão como aviões de carreira que buscam pouso e acidentes em Brasília. Será que esse é o único jeito de voar?