“Balança caixão”

“Balança caixão – balança você – dá um tapa na bunda e vai esconder.”

A maioria de nós já disse essa frase quando éramos crianças em nossas brincadeiras de esconde-esconde.

O quadro "Jogos infantis" do flamenco Pieter Bruegel, de 1560, mostrando 84 atividades lúdicas com mais de 250 crianças, retrata várias brincadeiras infantis que, apesar de serem demonstradas por adultos, fizeram parte do cotidiano de todos nós, mesmo que séculos depois.

São brincadeiras sadias, nas quais a criança explora o seu corpo e o ambiente, criando brincadeiras que se perpetuaram e tornavam o crescimento mais salutar, pois envolviam outras crianças trazendo assim importantes resultados para a amizade e a convivência, sendo que a maioria delas faz parte da cultura popular.

As brincadeiras foram transmitidas de geração em geração expressando diferentes concepções e valores, que com o advento da televisão, dos brinquedos eletrônicos e do computador foram desvalorizados, criando um novo quadro com base no egocentrismo de um mundo envolvido em uma só criança que brinca e tem amizades virtuais.

Percebemos, hoje, a falta dessas brincadeiras no cotidiano, sendo que vejo a necessidade crescente do resgate destas brincadeiras.

As principais brincadeiras apresentadas: perna-de-pau, plantar bananeira, cabra-cega, bugalha, soltar pipa foram vivenciadas em minha infância e apesar de receberem nomes diferentes na época da pintura do quadro, são as mesma que divertiam as crianças há poucos anos e nos fazem reportar à época de dificuldades em encontrar brinquedos prontos, fazendo assim com que a criatividade se tornasse muito mais apurada.

Tais brincadeiras, que fazem parte da tradição, ainda são fontes que resgatam a cultura e a prática de jogos e atividades ligadas à natureza e aos recursos oferecidos, levando a um aprendizado sadio e participativo, valorizando o companheirismo e a amizade.

Resgatar as brincadeiras tradicionais retratadas no quadro, com certeza irá recriar o encantamento pelo lúdico, ocorrendo um maior e melhor convívio, com trocas e aprendizado em grupo, deixando de lado um pouco do egocentrismo do virtual que os eletrônicos nos trazem.