Eu, um Seqüestrado Comum !

Cruzava uma esquina.

Vinha da boemia

Do Bar Ocidente,

Na Treze de Maio,

Na era de em torno

De oitenta e cinco,

Onde numa noite

Ouvi Paulo Leminki

Tocando violão e cantando.

Noutra, a duas quadras me viram.

Aceleraram o fusca velho,

Em minha direção

E me deram voz de assalto.

Ambos mascarados.

Passaram pel aesquina da minha casa.

Perguntaram se meus irmãos reagiriam.

Eu disse que a marginalização social

Pela má organização da sociedade

É que gera o marginal

(Platão na "República')

Me levaram a lugar ermo,

Consumaram o botim.

Pediram pra erguer as mãos pro alto

E me afastar sem olhar pra trás.

Senti, então, que a Morte podia atingir-me

Pelas costas.

Logo dobrei à esquerda

E à direita, a seguir.

Entrei num terreno baldio.

Uma certa paranóia

Me indicava que voltariam

Ao meu encalço.

Alucinei pequenos ruídos

Em passos próximos.

Esperei amanhecer.

Na delegacia de polícia

Pra dar queixa

Em boletim de ocorrência,

O deprimente:

Mãos humanas algemadas;

Interrogatórios,

Pessoas enjauladas.

Difícl reconehcimentos

Em grandes álbuns.

Repótre polciial

Disse que eram evadidos

De presídio,

Aterrorizaram a noite toda,

Uma meia dúzia de pessoas.

O mais grave

Foi ao invadirem uma mansão

De um casal.

Fugiram num matagal.

Jornal fantasiou

A manchete do meu caso

Na Tribuna do Paraná,

Na qualcorre sangue:

Pediram a hora,

Foi ser prestativo

E foi asaaltado.

Uma prima mui querida

A Dercy, disse:

-Como foi corajoso !

Não sei por quê !

Tia Cota, segunda mãe,

Num carinho pra mim,

Emendou e

Soltou o palavrão:

Uns fiadaputas !

Situação-limite

No limiar com o além,

Impossível não pensar num Deus,

O Criador da minha alma,

E fazer uma balanço de vida

No rumo da vida feliz,

Da aristotélica Vida Boa !

---Gabriel da Fonseca.

---Às Amigas Amadas; À Adorada eSTrELA, 17/06/08, 1423; Série Autobiográfica !

Gabriel da Fonseca

Publicado no Recanto das Letras em 25/06/2008

Código do texto: T1051497

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