O PARANINFO - Discurso de colação de grau da turma de Teologia

Boa noite a todos e paz do Senhor Jesus!

Tudo bom com vocês!?

Pastores, colegas professores, amados alunos e nobres convidados... O que falar neste momento tão importante na vida desses formandos e por que não, na minha vida? O que dizer, o que relembrar e o que reafirmar nessa hora tão curta para um momento tão grandioso?

Decidi, orientado pelo Espírito de Deus e fomentado por uma curiosidade intensa, saber o que viria a ser “paraninfo”, esse nome pelo qual, eu estaria sendo chamado e designado nessa formatura. Resolvi pesquisar para verdadeiramente saber se tinha condições ou não de exercer tal função e corresponder às expectativas daqueles que, por um motivo ou por outro, decidiram me evocar como tal.

Mergulhei então, em tempos passados... O que me levou a saber que, na Grécia antiga, nýmphe era a moça, (geralmente bela), era a noiva, era “a que está coberta com um véu”; e ser paranýmphe era estar ao lado dela (Pará, em grego), e por extensão ao lado ou conduzindo os nubentes. Para os romanos, que herdaram dos gregos o mesmo sentido, havia a paraninfa (madrinha da noiva) e o paranymphus (padrinho do noivo). O conceito original é o mesmo do padrinho, do latim patrinus, que é o diminutivo de pater. Aquele que substitui o pai, que protege. Figura comum a praticamente todas as cerimônias iniciáticas (e a formatura é uma delas), de quase todos os povos. O paraninfo está hoje, porém, muito distante de suas origens etimológicas.

O dicionário nos garantirá que paraninfo é um padrinho de formatura. Porém, não satisfeito com tão simplória designação, resolvi descobrir o que o mesmo dicionário entende por padrinho. A partir daí, meu interesse foi sendo aguçado à medida que descobri que padrinho significa testemunha e em se tratando de formatura, seria a testemunha da colação de grau dos formandos. Seria a pessoa que, investida de autoridade, atestaria, confirmando ter observado a vários atos para agora, diante de todos e principalmente de Deus, torná-los válidos e autênticos.

Assim, sou aquele que saúda vocês nesta solenidade em que a sociedade, Deus e o Estado lhes conferem o reconhecimento de que estão capacitados por seu inconfundível Espírito a tornarem a Teologia mais prática e eficaz diante dos seus. Sou aquele que, pelo hipotético saber e experiência, ou pela escolha involuntária de amigos alunos, põe-se ao seu lado para testemunhar que vocês detêm as qualidades que reivindicam possuir. Sou aquele que lhes dá as boas-vindas e os saúda na ocasião em que concluíram com êxito mais uma grande etapa de suas vidas.

E Deveria ainda, como bem determina o significado de paraninfo, protegê-los e, se os tempos ainda fossem os de antigamente, caberia ao paraninfo apontar caminhos e aconselhar quanto à atitude mais apropriada que se deve assumir quando a vida vos exigir respostas.

Entretanto, já honrado pelo nobre convite da turma de médio em teologia, Marcelo Flávio, queria fazer desta oportunidade única, nossa chance de termos uma última aula, com alguns alunos a mais é claro, mas ainda assim lembrá-los de que tudo está apenas no começo...

Decidi então lhes revelar alguns segredos em vez de me arriscar a lhes dar conselhos. Alguns destes, muito conhecido por vocês, outros nem tanto. O que quero aqui não é o ineditismo, mas a reafirmação; não lhes trago algo novo, mas apenas que vos amem uns aos outros, assim com Cristo sempre vos amou desde toda a eternidade.

O primeiro desses segredos é bem simples: busque enxergar sempre com o coração, pois o essencial é invisível para os olhos... (vejam os espias, veja Samuel em relação a Davi etc...)

Seja cada vez mais o “ser” que Deus quer que você seja e não o “ser” que o mundo espera que sejas... Rasgue diante dele o vosso coração e não as vossas vestes... (Joel 2,13).

Não se preocupe em apresentar perfeição aos outros, não queira ser exemplo de impecabilidade. Queira antes ser exemplo de servo, de humildade, de pecador arrependido e alcançado pela inquestionável e incompreensível graça de Deus... (o pecador arrependido, sempre volta para casa justificado).

Quando a vida lhe trouxer tumulto e confusão, corra! Mas não para o nada, ou para debaixo do seu travesseiro; não para o abismo ou para um despenhadeiro. Corra antes e desesperadamente para os braços do Pai, que jamais se cansa de nós... (O pai esperou dia após dia ao filho que, ainda pródigo, jamais deixou de ser tido como filho)

Se antes falaram, agora ainda falarão. Se antes lhes olhavam de espreita, agora ainda mais. Mesmo assim, responda com misericórdia e paz no coração àqueles que só te dispensam inveja e calúnia. (Bem aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia... - Mt, 5,7)

E Que todos os teus sonhos se frustrem; que todos os seus planos fracassem; que todas as suas expectativas morram, para que aí e somente aí, possas enxergar sua impotência, miséria e pobreza; e possas então ser comovida, dirigida e levada a sonhar os sonhos que Deus tem para ti.

Para finalizar e antes que alguns de vós me denominem herege, terei a audácia de fazer minhas as palavras de nosso irmão Paulo, ao se dirigir ao “recém-formado” na escola da vida cristã, Timóteo. Parafraseando-o, de acordo com II Timóteo capítulo primeiro encontramos o seguinte nos primeiros versículos:

“Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação

Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor... antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus”.

Só vitória em Cristo!