Querido, esse é o preço da casualidade para nós dois...
Sim, eu sei o que é isso… Esses socos incômodos que são dados a minha autonomia…
Que sensação você tem?
Bem, essas passagens são desespero que caem em queda livre sobre minha cabeça, meu corpo e minha alma… São como gotas de chuva, que não me levam, que apenas me molham e me adoecem, que vêm numerosas, uma atrás da outra…
E você não sabe no que está se metendo.
Talvez não.
Talvez?
Eu sei que forma eles têm: são fantasmas pálidos com formas humanas, que me trancam em seus leitos e jogam a chave longe. Eles me tomam em seus braços, em conjunto, e deslizam seus dedos frios pelas minhas costas sedentas, enganando-me. É quase tão delicioso quanto ele faz, não fosse pelo fato do sangue escorrer pelo resultado da dor do contato ao invés do prazer.
É desagradável ou estranho?
Desagradável não. Estranho sem dúvida.
Então por que teima em querer tanto isso?
Porque não importa onde e em quantos eu procure, só nele eu encontro minha verdadeira essência. O resto nunca atinge esse misto perfeito entre gentileza e agressividade! Sei que estou errada, mas… Eu prefiro estar errada a fazer o certo e não gostar. E se esse é o único meio de tê-lo, encarar também esses fantasmas… Então, Deus, que seja!