Querido, esse é o preço da casualidade para nós dois...

Sim, eu sei o que é isso… Esses socos incômodos que são dados a minha autonomia…

Que sensação você tem?

Bem, essas passagens são desespero que caem em queda livre sobre minha cabeça, meu corpo e minha alma… São como gotas de chuva, que não me levam, que apenas me molham e me adoecem, que vêm numerosas, uma atrás da outra…

E você não sabe no que está se metendo.

Talvez não.

Talvez?

Eu sei que forma eles têm: são fantasmas pálidos com formas humanas, que me trancam em seus leitos e jogam a chave longe. Eles me tomam em seus braços, em conjunto, e deslizam seus dedos frios pelas minhas costas sedentas, enganando-me. É quase tão delicioso quanto ele faz, não fosse pelo fato do sangue escorrer pelo resultado da dor do contato ao invés do prazer.

É desagradável ou estranho?

Desagradável não. Estranho sem dúvida.

Então por que teima em querer tanto isso?

Porque não importa onde e em quantos eu procure, só nele eu encontro minha verdadeira essência. O resto nunca atinge esse misto perfeito entre gentileza e agressividade! Sei que estou errada, mas… Eu prefiro estar errada a fazer o certo e não gostar. E se esse é o único meio de tê-lo, encarar também esses fantasmas… Então, Deus, que seja!

Luiza Araújo
Enviado por Luiza Araújo em 04/12/2008
Código do texto: T1318770
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