Durante um treinamento motivacional em uma grande companhia de moda jovem, onde a maioria de seus colaboradores recém contratados possui entra a faixa etária de 18 á 26 anos, onde a empresa possui um bom plano de carreira, além de um grande investimento em T&D para todos que compunham a organização.

E no meio deste treinamento em um momento Breakfast onde melhor se desenvolver o Networking é que somos procurados pelos colaboradores mais antigos, aqueles que começaram com 18 anos e hoje aos 30, se sentem sem aquele TESÃO de como tinham no começo... E antes mesmo das coisas se complicarem, trocam números de celular, e-mail e o cartãozinho que não pode faltar nunca seja em qualquer evento, afinal, a oportunidade está em qualquer lugar... Troquei vários cartões e no mesmo dia no final da noite, eis que minha caixa de e-mail está lotada... A maioria de colaboradores daquela empresa pedindo ajuda, engraçado que todos quase falavam a mesma coisa, uma espécie de amor e ódio corporativo que me levou a discursar sobre o tema...

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O começo é aquela primeira surpresa de ser convidado a participar do chamado processo seletivo para este grande referencia de moda jovem... A euforia é tanto que o candidato se prepara para a entrevista inaugural. Busca informações sobre a empresa – sua história, valores, produtos e serviços comercializados – e sobre seu mercado de atuação – a conjuntura atual, os cenários, as ações da concorrência. Uffa!
 
No grande dia coloca sua melhor roupa e procura chegar antes do horário agendado e assim, já vai percebendo que são seus concorrentes e o modo de como se comportam ou aparecem vestidos... De repente um frio conhecido na espinha, de uma possibilidade de uma atividade denominada “dinâmica de grupo” seja imposta para que o selecionador saiba reconhecer os descontraídos, os nervosos e os armados com respostas prontas e pasteurizadas.
 
Depois todos vão embora levando consigo aquela expectativa de receber o telefone agradecendo a participação no processo seletivo ou a convocação para o inicio imediato... Nossa, para muitos essa espera é a pior parte!... Eis que o telefone em fim toca e recebe no final de tarde de uma sexta-feira, comunicando-lhe de sua admissão naquela companhia. Quanta alegria!

O final de semana é eletrizante e dormir no domingo à noite é missão quase impossível. O sol precisa raiar... O primeiro dia é movimentado. Recebimento  senha e crachá, passando pelo processo de adaptação e conhecimento da empresa... As instalações, apresentação as pessoas, seções, manuais de ética, o que pode o que não pode... Seus deveres e direitos... E então o expediente termina com seus olhos, coração, corpo e alma entusiasmada, afinal, não fazer mais parte da estatística dos disponíveis no mercado é muito bom!... Mais lá no fundo faltou algo a mais na empresa... Sabe aquela impressão de que sobrou objetividade e faltou atenção, receptividade, hospitalidade daqueles, cujo qual será a partir de agora sua família por longas 08h/d.
 
Bom, os meses se sucedem e em seu decorrer as novidades se convertem em rotina; as expectativas, em frustração; a dedicação em desânimo. Quando chega nesse estágio se passa a questionar onde está à empresa que lhe contratou e o que se perdeu pelo caminho. Os dias tornam-se longos, o horário de partir custa a chegar, o relógio trava justamente às 16hs e parece não mais anda. Alguém percebe seu desanimo... E a companhia passa a indagar sobre seu comportamento, suas ações e, em especial, os resultados decorrentes de seu trabalho. E nos bastidores o clima pesado faz com que se perceba que os colegas te olham como um ser tido como negligente, omisso, desinteressado.



As empresas investem recursos e tempo de pessoas altamente qualificadas para selecionar um profissional, mas não promovem sua integração efetiva ao grupo. Carecem de pós-venda, dificuldade que talvez se manifeste na prestação de seus próprios serviços.

Já os profissionais se deixam abater pelos eventos e transferem às corporações a culpabilidade pela sua perda de motivação, esquecendo-se de que esta é um processo endógeno, sendo uma responsabilidade pessoal a perda do incentivo de outrora, do brilho no olhar e da razão de ali ser e estar.

A verdade é que somos maus amantes. Trabalhamos muito, chegamos mesmo a lutar para auferir determinadas conquistas, mas somos incompetentes para mantê-las e desenvolvê-las. Perdemos a capacidade de nos apaixonar pelas coisas que fazemos – e pelas pessoas que conhecemos. Entregamo-nos aos hábitos, regras, normas e convenções. E assim permitimos que os relacionamentos despeçam-se da emoção, as refeições declinem do aroma e do sabor, a vida se viva sem cor.

Se algo está faltando para os olhos brilhar e o corpo despertar sempre com o mesmo entusiasmo para mais um dia de trabalho, e é nessa hora é que devemos expor se a empresa assim permitir para melhorar processos de trabalho ou somente ouvir... Se a empresa não tiver essa abertura, tome a iniciativa de buscar novos caminhos, como treinamentos, cursos ou até mesmo novas oportunidades. E sair de cabeça erguida, ao invés, de ser tachado como o colaborador "Gabriela "...Eu nasci assim, eu sou mesmo assim...""



Simone Carmo
Administração de Gente
Janeiro de 2009.
Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 10/01/2009
Reeditado em 04/06/2010
Código do texto: T1378110
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