Aos formandos do Colégio Alternativa* - 2007

“Portanto, só os ciclos eram eternos” . Alguns devem se perguntar o seguinte: será que esse professor “desconhece que a palavra portanto só se utiliza como conclusão dum raciocínio?” Essa mesma pergunta foi feita ao ainda futuro escritor angolano Pepetela, que esclarece isso no livro Geração da Utopia. E eu, representando o corpo docente do Ensino Médio, retomo essa passagem agora, para mostrar nosso sentimento em relação aos nossos alunos do 3º ano do Alternativa-GPI.

Tudo na vida é feito de ciclos, que iniciam, terminam e dão lugar a outros novos ciclos. SegundoWalter Benjamin e Jean-Paul Sartre, esse ciclo pode ser representado pela serpente que busca morder a própria cauda, fechando-se em si mesma. No entanto, a serpente nunca morde a cauda no mesmo lugar e com a mesma intensidade. Mas o que posso querer dizer com isso tudo?

Em 2005, essa mesma turma, que adentrava o 1º ano do Ensino Médio, foi recebida pelo corpo docente coordenado pelos professores Jorge e Pádua. Uma seminova equipe com uma proposta diferente. Um novo ciclo era iniciado. Estavam agora no Ensino Médio. E um misto de receio e euforia tomava conta dos mesmos. Mas o que houve com o ciclo anterior do Fundamental? Simplesmente, encerrou-se, pois foi bem vivido.

Segundo Gabriel García Márquez, “não importa o que a gente viveu, mas sim o tempo que se leva para contar”. E digo o seguinte, desse ano até hoje, muita coisa poderia ser contada. As memórias são vastas. Logo, o nosso tempo também seria longo para isso.

Hoje, aquilo que nos uniu em 2005 é o mesmo que nos separa. Por isso, estamos aqui reunidos para comemorarmos o fim desse ciclo e início de um outro. Comemoramos esse ciclo vivido por nós, em que professores e alunos aprenderam mutuamente.

Sabemos que a única finalidade do ser humano é ser feliz e que educar é amar, pois somente o que foi prazeroso é que fica. Mas entendam que nunca é tarde para olhar para trás e resgatar o que está perdido. Ressalto que, em momento algum, nossa proposta foi, digamos, kamikaze, na qual o passarinho empurra o filhote do galho para aprender a voar.

Por conseguinte, proponho uma tomada de consciência. É preciso tornar-se consciente do movimento constante que sempre tudo transforma. A partir de amanhã, a trajetórias de cada integrante desse grupo, que antes compunha uma série, será individual, não perfazendo o mesmo caminho mais. Destaco, então, que um novo ciclo será, inevitavelmente, iniciado. Não importa o caminho que cada um seguirá, se permanecerá em Rio das Ostras ou irá para o Rio. A questão é que os caminhos seguidos serão distintos no novo ciclo.

Vocês são a geração que sonha com o futuro e deseja construir um novo caminho, mesmo que tenha de olhar para trás. Não temam. Isso também é seguir adiante. Desejo que haja um lugar para pensarem o que querem ser, e não o que esperam que sejam. Por isso, como aconselha Nelson Rodrigues aos jovens, “envelheçam depressa”.

Peço-lhes que comemorem este dia, o final deste ciclo que foi bem vivido coletivamente. Todos, relembrem os bons momentos. Não se esqueçam... acabou. Espero que tenham entendido o porquê de iniciar o discurso com essa conjunção, portanto.

Logo, em nome de todo corpo docente e da direção, agradeço por nosso convívio durante esses três anos. Sucesso!

* GPI - Rio das Ostras/RJ.

Fábio R Penna
Enviado por Fábio R Penna em 05/02/2009
Reeditado em 04/12/2012
Código do texto: T1423787
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