EDUCAÇÃO VIRTUAL

O presente artigo tem por intuito problematizar sobre precarização das condições do trabalho docente e sua relação com as escolas de formação à longa distância: EaD (Ensino a distância). Que interesses estão camuflados em seus “bastidores”? Será que se trata das novas estratégias de exploração utilizadas pelo sistema de acumulação? Será que a formação “fast food” é a que melhor dará conta de contribuir para o desenvolvimento educacional ou será ela uma das responsáveis pelo empobrecimento e proletarização dos processos docentes de trabalho? Afinal, as tecnologias da informação e da comunicação (TICs) chegam para contribuir ou atrapalhar em âmbito educacional? Longe de dar respostas conclusivas, o objetivo é que o leitor tire suas próprias conclusões e, assim, escolha o caminho que pensar ser o melhor.

Tendo presente à Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96 contempla a EaD em seu artigo 80 conforme a seguir: “o poder público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.” Sem dúvida é um avanço que o sistema educacional brasileiro tenha em sua legislação uma proposta que amplie as possibilidades educativas e que ao mesmo tempo seja coerente com a realidade geográfica do país, considerando as diversas regiões que carecem principalmente de ensino superior. Não obstante, penso que esta não deve ser a única formação que a pessoa tenha para receber em sua preparação profissional, caso ela, por outros caminhos, também possa adquirir formação presencial. Enquanto formação continuada “acredito” que esta é uma ferramenta de apoio que deve ser bem utilizada e incentivada com devido acompanhamento e valorização de todos os profissionais envolvidos.

Sendo assim, é essencial refletir sobre as estratégias que têm sido utilizadas pelas instituições privadas no processo de trabalho docente. Neste sentido é mister atentarmos para os apontamentos desenhados por Fidalgo ao afirmar: “ as novas tecnologias tem sido utilizadas pelas instituições de ensino privadas como forma de dispersar mão-de-obra e aumentar o trabalho daqueles que permanecem empregados. Na educação isso é notório. Professores com mil, dois mil alunos, sendo que presencialmente ele daria aula para, no máximo, duas ou três turmas de 50 a 60 alunos. Em decorrência da falta de regulamentação, as escolas caracterizam o ensino a distância como algo que não tem vínculo trabalhista direto e, portanto, usam formas de contratação bastante precárias. Isso precisa ser revisto e regulamentado”. Percebe-se, pelo exposto acima, o embate histórico entre capital e trabalho, onde mais uma vez o capital se impõe. Como resultado disso tudo teremos o aumento da exploração da mais-valia pelo capital no âmbito educacional. Certamente, isto é bem vindo para uma minoria, detentora do domínio dos meios de produção em detrimento daqueles que sofrem as conseqüências da banalização de sua profissão docente no dia a dia, no “chão da escola” ou fora dela, por conta do desemprego.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96 no artigo 67 enfatiza que os sistemas de ensino irão promover a valorização dos profissionais da educação, mas, quem será punido caso esta lei não seja cumprida? A saber, aos governantes de plantão não interessa a socialização do conhecimento, as vagas escolares podem aumentar, no entanto, estas devem ser de pouca ou nenhuma qualidade. A ignorância das pessoas é o que sustenta a impunidade dos “escorpiões do povo”. Para estes quanto mais aumentarem os cursos de (des) formação dos professores à distância, melhor. Professores despreparados, sem “competência técnica” aceitam ganhar menos e sobreviver em condições precárias de trabalho. Assim, assombrados, sem saber para onde correr, vemos a “virtualidade” tomar conta de tudo. O virtual conquista o real. No campo da educação ela já ocorre há muito tempo, bem antes da chamada era tecnológica, quando por condições acima de suas próprias forças o professor é obrigado “a fazer que ensina”, para um aluno que – quando dos bons – “faz que aprende”.

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 26/02/2009
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