Como obter a vida eterna

“Disse o jovem ao Senhor Jesus: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?” - Bíblia – Livro de S. Mateus, capítulo 19, versículo 20

Geralmente uma pessoa pensa estar livre dos pecados por ser penitente, por cumprir os dogmas de sua religião. Como no caso do jovem em epígrafe, que respondeu ao Senhor Jesus Cristo: “eu tenho guardado todos os mandamentos ensinados pelos meus pais, o que me falta ainda?”. Primeiro observe a tradição ai presente como peça importante na manutenção do ensino da lei, o qual era realizado até a idade de treze anos quando os homens passavam à maior idade; esse conjunto de doutrina – a torá – aplicado pelos rabinos que eram responsáveis pela boa conduta religiosa e social, conforme o costume dos Israelitas. Entretanto toda essa estrutura não foi capaz de tirar-lhe o pecado e dar-lhe a vida eterna.

Entretanto uma incógnita foi trazida à luz, o Senhor dos Senhores que é onisciente respondeu:: “muito bem jovem! Porém te falta uma coisa, vende tudo o que tem e dá ao pobre”. Vejamos: neste caso a obediência se deve a quem? A lei ou a Jesus? A lei estava ligada a tradição, apesar de ser santa, e Jesus a libertação de todo pecado – a vida eterna. Ora, o jovem cumpria a lei; por que deveria desfazer de seus bens? Teoricamente ele estava pronto para morar no céu e essa linha de interpretação é mantida ainda hoje por algumas religiões. Mas o Senhor Jesus disse: falta-te uma coisa.

Talvez falte uma coisa também para o leitor. Neste momento deve pensar consigo mesmo: eu vou à igreja, ajudo aos pobres, dou o dizimo, oferto e sempre dou alguma ajuda a alguém, assim sendo pratico a caridade e cumpro desta forma as ordens do Senhor Jesus. Também não falto a ceia e os cultos. Por que me falta alguma coisa? Tudo o que foi mencionado neste parágrafo se entende “obras”, isso quer dizer: apenas ação, que qualquer homem de boa vontade pode realizar, e é preciso de uma ferramenta que saia do interior, do mais profundo, da alma: a fé. Referência: Gálatas 2:16.

A dúvida não foi plantada por Jesus, ela já existia. Faltava apenas mostrar a sua existência. Haja visto que a caridade deve ser não aparente, nem tão pouco praticada sobre o que sobeja. Veja qual foi a ordem dada pelo Mestre dos Mestres: “vende tudo e dá aos pobres.” Ele não falou: “venda seus bens e dê alguma coisa para ajudar aos pobrezinhos”, e sim: “dá tudo aos pobres”, nem tao pouco mandou vender uma parte do que tinha. Uma ordem, uma condição, uma mensagem sobre o verdadeiro amor ao próximo, uma completa abnegação. O jovem precisava de FÉ, pois sem fé é impossível agradar a Deus. Referência: Hebreus 11:6.

Os apóstolos colocaram em prática a abnegação e a fé, registrado em Atos 2:45; e 4:16, e assim nos conduz a importância do fato em pauta. Essa ganância, escondida em uma rígida prática religiosa, é uma das formas mais antigas de desvio de conduta na vida do homem. Apresentando dois aspectos: a ganância pela riqueza e a ganância pelo poder, um está atrelado ao outro. Decorrente dela ele se declara líder, diz ser homem de Deus, santo, dono da igreja, único a compreender a Bíblia, portador da verdadeira teologia, escolhido para receber revelações do Espírito de Deus e até se declara sumo sacerdote. Essa criatura expulsa a qualquer pessoa que tente corrigir seus ensinos corrompidos e corruptíveis. Referências: I Tm 4:1-4; 6:1-6; II Cor 11:13.

O amor a riqueza e ao poder não é perceptível em uma personalidade como a grande maioria das pessoas pensa, ao estudar sobre o assunto. No texto Bíblico, alvo de nosso estudo, é fácil notar que o jovem não sabia ser um adorador da riqueza, bem como percebe-se não estar claro se ele era um grande líder. Entretanto está implícito o entendimento paralelo: ser muito rico e ter muitos servos. Conclui-se então ser ele um homem de muito poder e isso é muito agradável.

O amor ao dinheiro mata a fé. No caso do jovem era necessário optar entre a vida de rico e a vida de fé; não uma vida de miséria como muitos preferem interpretar sem analisar o contexto onde nos mostra que não foi essa a proposta de Jesus e sim de uma vida com a porção de cada dia, como Ele mesmo ensinou em Mateus 10:29: “ Não se vendem dois passarinhos por um cetil? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai.”. Mas o problema daquele jovem não era a falta de entendimento e sim a falta de fé, por isso não conseguiu abrir mão de sua fortuna. Há ainda um outro exemplo de ganância registrado no livro de Atos, que foi a postura de Ananias e Safira. Eles perderam a fé e morreram por tentar enganar ao Espírito Santo, quando prestarem conta da venda de sua propriedade por um preço falso, a fim reterem parte do dinheiro. Referência: Atos 5 :1-5.

O jovem saiu infeliz, incapaz de ter a vida eterna por não conseguir largar os prazeres desta vida. Estava diante do dono da vida eterna e o desprezou. Quantos nos dias de hoje também está sem força para dizer NÃO aos prazeres desta vida; pode não ser dinheiro, mas é o cigarro, a bebida, o sexo, a droga, os parentes, os amigos...O homem está preso a alguma coisa ou a alguém e para ficar livre tem que confessar a verdade. Uma vez uma professora de psicologia da educação falou-me que quando a pessoa quando descobre o seu problema interior e declara publicamente está perto da cura. A Bíblia no livro de Romanos, capítulo 10 e versículo 10 diz que a boca se faz confissão para salvação e no livro de 1 João 1:9 diz: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.”. Todos nós temos um pecado para confessar ao Senhor Jesus Cristo, não existe uma pessoa justa o suficiente para alcançar a vida eterna por mais caridade que faça, pois o jovem do nosso estudo também fez tudo o que a lei mandava e cumpria as tradições judaicas, mas perdeu a salvação.

JAIR DE OLIVEIRA FILHO

Presbítero

Professor