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Desabafo De Escritor

         Escrever é ato absolutamente solitário, a solidão se perfaz não apenas pelo ato em si, como também quanto à justa valorização de nossos escritos, o escritor é considerado introspecto por demais, utópico pensador e sonhador inveterado, boêmio por excelência e divagador de palavras desconexas e muitas das vezes ininteligíveis, um verdadeiro chato.
         Vive-se em um mundo concreto, a concretude facilita a vida, ter tempo para pensar e divagar acerca da vida gasta tempo por demais, melhor é tornar-se um ser ruminante, escrever não compensa, escrever não paga roupas de moda, nem tampouco nos coloca nas colunas sociais, pois, repito, somos uns chatos, pois pensamos demais.

         Concretude é se fissurar a programas televisivos que nos colocam em verdadeiros currais filmados diuturnamente, é torcer para que aquele galã da novela das oito emplaque na melhor dança das tardes de domingo, é ouvir e, sobretudo, acreditar nas verdades distorcidas e teleguiadas de nossos telejornais, é ruminar, plantemos uma árvore, criemos um filho, mas esqueçamos de escrever um livro e mais ainda não percamos tempo com leituras destes objetos criados por loucos entediados com a realidade que os cercam, pois ler não é concreto, abstração não compensa.

         Escrevemos sós, assim como viemos ao mundo e dele sairemos, na mais perfeita solidão...


 
O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 24/05/2009
Reeditado em 05/10/2013
Código do texto: T1612064
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