Por Que o Planejamento Educacional

Falar da educação no Estado de Alagoas é uma questão bastante difícil e sensível. Alagoas nada mais é do que a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade. Educação em Alagoas nada mais é do que uma combinação mal engendrada e friamente sistematizada de contradições. De acordo com uma das interpretações expostas pelo o autor Danilo Gandin (2007), da relação escola-sociedade, que predomina nos espaços de educação escolar no referido Estado, é feita a partir de um ponto de vista, de um critério, este critério é uma finalidade: o desenvolvimento*. Nesta interpretação alinham-se os economistas, outras pessoas interessadas em crescimento econômico e muitos professores menos idealistas. "A escola é indicada como investimento para a formação de mão-de-obra" (GANDIN, 2007). Tendo em vista que esta forma de ação deve ser superada, pois, a idéia de desenvolvimento se funda no processo de invenção cultural que permite ver o homem como um agente transformador do mundo. Enfim, que as políticas de desenvolvimento deveriam ser estruturadas por valores que não seriam apenas os da dinâmica econômica. O desenvolvimento tem a ver, primeiro e acima de tudo, com a possibilidade das pessoas viverem o tipo de vida que escolheram, e com a provisão dos instrumentos e das oportunidades para fazerem as suas escolhas.

O crescimento econômico, tal qual o conhecemos, vem se fundando na preservação dos privilégios das elites que satisfazem seu afã de modernização; já o desenvolvimento se caracteriza pelo seu projeto social subjacente. Dispor de recursos para investir está longe de ser condição suficiente para preparar o melhor futuro para a massa da população. Mas quando o projeto social prioriza a efetiva melhoria das condições de vida dessa população, o crescimento se metarmofoseia em desenvolvimento (Furtado, 2004, p. 484).

Construir uma concepção de relação escola-sociedade é uma proposta bastante atrativa e bonita, exposto por Gandin (2007), principalmente aquela dos que querem mudança a partir do que existe. Mas, será possível?

Sabe-se que de nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha voz (nada ativa). A sociedade sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade. Uma segue a outra. Sem nenhuma contradição. É disso que Alagoas e o Brasil precisam: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que transformem. A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar. E a educação libertadora entra aí. O povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito. Não aprendeu o que é ser cidadão.

Obviamente, que ao ler Gandin (2007), dar-se a ter uma visão bem sucinta de qual sistema se quer formar: o dos extremos conservadores, o dos extremos revolucionários ou o dos que querem mudança a partir do que existe (para os quais a realidade desejada e a realidade existente têm pontos de contato e pontos discordantes).

Em um contato mais profundo com a realidade da educação em Alagoas, tendo caracterizado a escola por ocasião do Estágio Supervisionado I, na cidade de Arapiraca-AL, percebeu-se que há uma necessidade de uma qualificação profissional que retrata uma melhor qualidade do ensino, com dedicação e lealdade, visando uma educação que retoma vigorosamente a luta contra a seletividade, a discriminação e o rebaixamento do ensino das camadas populares, ou seja, não se deve reproduzir, e sim, construir. A educação está totalmente desprestigiada, seja ela qual forem pública ou privada, nossos alunos estão cada vez menos consciente da realidade.

Naturalmente, Alagoas é um Estado que sempre ficou ou esteve vulnerável a desigualdades regionais. Porque desde os seus primórdios foi caracterizado pelo o desenvolvimento desigual, por causa do seu processo histórico-político-cultural. Portanto, o sentido de transformar essa sociedade não se fundamenta de mudanças na escola, mas, hoje em dia, é essencialmente solucionar o problema social. O investimento na educação é reflexo do próprio desenvolvimento sócio-econômico e humano.

Referências Bibliográficas:

* Ver o texto de Gandhi, “As teorias do desenvolvimento: do evolucionismo à globalização”, 1997. Gandhi, defensor do nacionalismo e da independência indiana, tenta mostrar para o leitor o sentido do desenvolvimento, fazendo com que ele perceba com criticidade e consciência as comparações desenvolvimentistas que implicavam o desejo de incentivar a racionalidade e os comportamentos direcionados ao desenvolvimento capitalista.

FURTADO, Celso. O Brasil do Século XX – Entrevista com Celso Furtado. [s.l]. 2004. p. 484.

GANDHI. As Teorias do Desenvolvimento: do evolucionismo à globalização – Sociologia do Desenvolvimento. [s.l.] 1997. p. 148-163.

GANDIN, Danilo. A Prática do Planejamento Participativo: na educação e em outras instituições, grupos e movimentos dos campos cultural, social, político, religioso e governamental. 14. Ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2007. p. 32-34.