A banalização da literatura.

"Já que se há de escrever, que pelo menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas...."

Hoje eu vou de Clarice Lispector, pra indignar a minha revolta perante a banalização que a literatura tem criado por ai, gostar de literatura não é jogar no google nome de autores e se derreter em frases bem escritas, a literatura vai muito além de uma compreensão visual, compreender literatura é possuir uma essência, uma prova viva da banalização é o famoso trecho:

"Gosto dos venenos os mais lentos!

As bebidas as mais fortes!

Dos cafés mais amargos!

E os delirios mais loucos.

Voce pode ate me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:

E daí

eu adoro voar!!!"

O trecho sempre vem seguido como de autoria de Clarice (sendo que na verdade é da Bruna Lombardi, grande amiga do Caio *-*) mas uma pessoa que conhece literatura, e que pesquisou além do google, sabe sem sombra de dúvidas que Clarice não seguia a linha explicita(e bréga) de escrita, Clarice escrevia com a alma, uma vez também vi uma comunidade gay onde Caio Fernando era o rei, já que sua literatura foi definida como homossexual, Caio em nenhum momento da sua vida afirmou ter sua literatura voltada para o público homossexual, acho que a literatura de Caio não merecia tal rótulo,inclusive vejo muitas pessoas escreverem que usaram Caio como uma auto ajuda para sair do armário, uma opinião um pouco precária de quem leu um conto e se sente gay compreendido, considerando-se que o próprio Caio nunca saiu do armário,e nunca se aceitou perante sua homossexualidade, duas provas disso estão no fato do mesmo ter se relacionado com inúmeras mulheres, relacionamentos dos quais ele julgou como escape da sua homossexualidade, e a outra prova maior é o fato dele ter feito o exame para confirmar o vírus da AIDS 10 anos depois de contrair o mesmo, Caio sabia que estava doente, porém não queria a confirmação da praga gay em seu corpo,mas enfim, a literatura do Caio é uma literatura humana, repléta de metáforas, simbolismos e misticismos(não confundam misticismo com exoterismo), que não merece passar por olhares sem essência.

Eu to citando aqui esses dois autores, pois para mim os mesmos são tomados como uma religião, mas a banalização está em todos os cantos, como por exemplo William Shakespeare, Machado de Assis, Fernando Pessoa, Cecília Meireles então, nem se fala, qualquer trecho de revista capricho onde se inclue o tema amor é tido como autoria de Cecília.

Quero deixar claro que eu não estou fazendo apologia a colocar a literatura no armário, e liberar o seu uso somente para raros, muito pelo contrário, eu quero ver a área se expandindo, porém com o mínimo de conhecimento para que palavras tão bem pensadas não se percam em frases soltas no ar sem reconhecimento algum sobre sua verdadeira autoria e o seu real sentido, para assim, quando lermos a frase de Caio em que ele dizia: ''Tudo vai bem, tudo continua bem, tudo muito bem, tudo bem. Axé, axé, axé. Eu digo e insisto até que o elevador chegue axé, axé, axé, odara!'', a gente não saia por ai botando a mão no joelho, dando uma agachadinha, cantando é o tchan, e se achando o máximo pois entendeu o real sentido do axé ;)

Carla Carina
Enviado por Carla Carina em 21/09/2009
Código do texto: T1822918
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