Depois de um dia cheio de luzes... Cidade lotada de gente de todos os cantos, gente simples, gente sofisticada percebi que durante a união de todos em prol de uma única fé tudo desaparecia... O enfermo de pé chorava de emoção ao ver Nazaré indo pelas ondas de mãos até sua berlinda, todos cantando para Maria e glorificando atos, pedidos, desejos e agradecimentos...

Percebi que a dor que me acompanha a 3 dias se torna tão pequininha diante de tamanha fé... Romeiros vindo a pé, vencendo 300, 500 e até 700 km a pé como devoção a uma graça alcançada... Pés inchados, cansaço no corpo que treme... Lagrimas de dor, desconhecidos com seus carros importados parados em pontos estratégicos durante o percurso para oferecer frescor... oferecer a água que renova a fé e dá animo para a caminhada não para...

Mais lá na frente alguém espera com um prato de sopa para fortificar a alma e fazer o corpo por algumas horas esquecer que as pernas dormentes pesam... Que o sol queima forte, que a sola do pé dói... Caminhando lado a lado, ou solitariamente que de repente já não é visto mais a caminhar sozinho... Um outro romeiro de outro canto da região o acompanha... Não precisa de palavras, basta um olhar... Olhar de irmandade, olhar de força, olhar de coragem.... Alguns minutos e já são amigos por interseção a Nazaré... Que aproxima e faz a fé do outro ser somado a do outro e isso faz com que cada KM percorrido se encurte e mais próximo de Nazaré começam a sentir....

Martírio?
Autoflagelação?             
Excesso de fé??

Ouvi de tudo um pouco, e ao me observar no espelho depois da ultima noticia que me fez perder de certo modo a fé... é que Nazaré veio novamente em minha direção como que dizendo, quanto mais você insiste que em achar que te esqueço... Mais o meu filho te coloca no meu caminho para que entendas o quanto és importante...

E  ela veio, no meio de uma grande multidão alguém me toca o ombro e diz, ajude-me a abrir o caminho para santinha passar.... Ao olhar para trás, Don Orani Tempesta, ex-arcebispo de Belém, atual do Rio de Janeiro vem contigo em suas mãos... Me olha nos olhos e sorrir, me toca a cabeça e meus dedos vão direto ao teu manto, lagrimas, sorrisos e lagrimas...

Você Maria...
Você Nazaré Minha... Vem novamente me dizer que por mais que me sinta só e com tamanha angustia e medo da batalha que terei pela frente... Ainda assim, me deste armadura que logo minh’alma se vestiu e teve a certeza que é hora de guerrear e não desistir de nada e nem de ninguém... O meu sofrer hoje, se tornou uma agulha perdida entre tantos pés que te seguiram puxando a corda em um ato desumano de força a felicidade de puxar tua berlinda em sinal de agradecimento pelo poder que tens sob teus filhos nortista... Meu medo se tornou tão insignificante em comparação aos joelhos calejados da promesseira que lhe agrade a cura de sua filha caminhando de joelhos pela CURA... CURA senhor.... E eu aqui sofrendo antecipadamente, sendo negativada por mim mesma!
 
Como minha vida tem sinais de ti... Nesses 4 dias que antecederam essa festa, pela primeira vez participei doando água... Oferecendo sopa aos promesseiros... E lá, no meio da multidão todos te queriam, todos torcendo para tocar em teu manto e eis que tu vens em minha direção... Fazendo-se presente em meu caminho...

 
 
 

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 11/10/2009
Reeditado em 04/06/2010
Código do texto: T1860846
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