Existia uma alma segura que tinha a pele como armadura a enfrentar todas as adversidades da vida... Existia uma mulher sem medo do amanhã, que se entregava excessivamente a cada fase vivida, errava por achar que poderia controlar o amanhã e os seus amanhãs seriam exatamente como esperava que fosse... Fez plano, sonhou sonhos impossíveis, viveu o maior sentimento que todo ser humano tem que viver antes da partida final... Existia... Existia um sorriso purificador, que seduzia que encantava e despertava desejos... Existia... Agora se foi...
 
Hoje existe uma alma ao meio... Uma mulher incompleta de sonhos possíveis... Armadura quebrada em dois grandes pedaços, falhas que quebram os espelhos da felicidade...  Gerações interrompidas, hormônios hoje inimigo do tempo, o tic tac do relógio arranha a pele e deixa um vazio... o coração bombeia forte e as vezes lento... os dedos trêmulos... Boca já não vermelha, olhos permanecem brilhantes diz o homem de branco...
 
Existia uma mulher segura, hoje a segurança do amanhã já não há... Nazaré vem toda a noite acalentar... Toca o seio coberto em curativos e em seguida abençoa... Mais não conforta, não apara as lagrimas que cai... Dá um beijo na testa e desaparece na escuridão do quarto...
 
Não tenha pena, Deus não dá as respostas através de olhares penosos o homem dá a cada um a cruz que merece carregar e esta mulher vem caminhando a tempos com a cruz que aumenta a cada nova curva da vida, onde sempre encontra pessoas que a faz se sentir importante por algum momento, horas...Independente do tempo... Não tenha pena da idade balzaquiana, cujo hormônio está a todo vapor em reprodução... Amanhã deverá ser interrompido gradativamente para desacelerar a raiz que corre o corpo...
 
Existe uma mulher de sorriso quebrado e cega pelo amanhã... Já não vê o sol com o seu forte brilho e faz da chuva alivio para abafar o soluço da tristeza que desaba de uns olhos amendoados...
 
Não tenha pena...
Amanhã essa guerreira poderá não mais existir... Mais fica ai, tanta historia gravada em palavras sem sentido, com sentido...
 
Não tenha pena...
Viveu grandes amores, beijou lábios desejados... Gozou feito puta de prazer sucumbido, matou uma vida... Criou tantas outras... Sonhou uma vida não vivida... entendeu o afastamento de um amado por proteção ao possível sofreguidão... Foi egoísta ao amar, talvez quem ama seja realmente egoísta... E agora, não tenha pena; Se o amanhã já não existir, alguém há de por um final feliz inventado da forma como sempre quis...
 
Mais hoje, não tenha pena de mim!! 


                                  






Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 18/10/2009
Reeditado em 22/05/2010
Código do texto: T1874133
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