Correnteza

As minhas despedidas são sempre solitárias. Porque sei antes e então eu sigo meu ritual de luto prévio pelo que está morrendo. E derramo as minhas lágrimas inevitáveis e sinto a falta daquilo que toco e perco. Enquanto as coisas se dissipam, imperceptivelmente, vejo sua transformação insondável que as vai levando cada vez mais para longe de mim, aos poucos são outras. Mas o meu choro é pela falta do que foi e não desespero porque não volta, a morte me é aquela decomposição necessária à renovação da vida. Então o vento sopra o ciclo de mudança que nos carrega pelo mundo e sem fazer som algum ao movimentar as imagens os olhos percebem o sussurro que profere como uma profecia misteriosa e plena.

Clarissa de Baumont
Enviado por Clarissa de Baumont em 01/06/2010
Reeditado em 01/06/2010
Código do texto: T2293822
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