Discurso sobre desenvolvimento estratégico!

Divinópolis está entre as 20 maiores cidades de Minas Gerais. Considerando-se que são mais de 800 cidades no estado, a nossa cidade tem uma posição invejável; todavia, esse nível de desenvolvimento só foi possível porque havia uma predisposição natural para o crescimento com tal magnitude. De qualquer modo, ela cresceria e atingiria o nível atual de progresso. Com raríssimas exceções, não tivemos políticos com visão futurista capazes de planejarem o desenvolvimento estratégico da cidade.

Nos últimos 10 anos, fomos perdendo posições no ranking das cidades; outras foram assumindo as posições anteriormente ocupadas por Divinópolis. Alguns podem afirmar que são conseqüências da recessão econômica do país e como Divinópolis não é uma ilha, também sofre as conseqüências porque é uma célula da federação. É um fato, porém, não se pode atribuir simplesmente à desaceleração econômica. Existe outro fato fundamental, afinal, outras cidades de Minas cresceram no mesmo período em que perdemos nossas posições. Na minha concepção, a causa mais importante é a falta de visão e compromisso político daqueles que têm a responsabilidade de formularem proposições que incentivem o progresso.

A força de uma cidade é medida pelo prestígio e capacidade criativa de políticos comprometidos com o desenvolvimento sustentável do município. São as ações políticas que estimulam e fortalecem a economia; que dinamizam a indústria, o comércio e geram oportunidades de emprego para sua população. Do contrário, o progresso se torna uma bolha passageira. Durante muito tempo, Divinópolis teve um índice de crescimento altíssimo por causa da força produzida pela economia. Entretanto, as forças políticas da cidade não aproveitaram para planejar o desenvolvimento advindo do aquecimento econômico e, conseqüentemente, a cidade cresceu desordenadamente. Agora, o contexto é outro e exige planejamento e racionalidade administrativa.

Há muita dificuldade de se lidar com a escassez de recursos, porque nossos políticos não têm o hábito de planejar suas ações e prioridades. O que se percebe é uma grande desproporção entre a força econômica e a força política de Divinópolis. Os nossos políticos são tímidos para debaterem as questões que interessam ao município e são arrojados para discutirem assuntos meramente de interesse pessoal, por isso, não têm destaque no cenário estadual e nacional. A evidência desse fato é a discussão na Câmara de Vereadores a respeito do 13º Salário para os próprios vereadores. Porque os Senhores Vereadores não tomam a iniciativa de formularem políticas e projetos em favor do povo?

Divinópolis tem tantos problemas que necessitam de soluções. Vamos debater a respeito do saneamento básico; da extensão de rede de esgoto aos mais diversos bairros, criar leis que impeçam a construção de casas populares sem o devido tratamento de esgoto; vamos discutir a respeito da recuperação da bacia hidrográfica da região; vamos discutir a respeito da educação municipal, do meio ambiente e tantos outros temas de suma importância para o desenvolvimento da cidade.

Qual o partido político de Divinópolis que tem um esboço de projeto de desenvolvimento sustentado e que se dispõe a colocá-lo em debate junto aos diversos segmentos sociais? Quem está disposto a buscar uma nova forma de progresso? Quem se dispõe na busca de novas alternativas para soluções dos problemas que a modernidade trouxe para sociedade? Em função do presente, como nos preparar para o futuro? Só com muita discussão e planejamento iremos responder estas questões, mas também é necessário que a gente assuma nossa cota de responsabilidade na formulação das propostas aos desafios que se nos apresentam.

*Texto escrito em 2003 e publicado no Jornal Magazine