CONCEPÇÕES DE LÍNGUA

Quando o assunto é língua, não há um conceito único, simplificado, consensual. Vejamos alguns conceitos e definições como forma de amplificar nossa visão sobre os referidos conceitos:

Para Bernadete Abaurre: língua é um sistema estruturado que, por situar-se no âmbito da linguagem, apresenta constante instabilidade e mutabilidade.

Para João Wanderley Geraldi: língua é o produto de um trabalho social e histórico de uma comunidade.

Para Francisco Gomes de Matos: língua é um sistema de comunicação intra/interpessoal e intra/intercultural, compartilhado e usado por membros de uma ou mais comunidades, através de variedades individuais, geográficas e sociais.

Para Luiz Antônio Marcuschi: língua é algo muito difícil de definir [...] Eu diria: Língua é atividade sociointerativa sempre voltada para alguma finalidade e secundariamente serve para transmitir informações e representar o mundo.

De todas as definições acima vistas, fica claro que a língua não é um sistema abstrato de regras estáveis ou de diretrizes inflexíveis que independem da intervenção dos interlocutores e das condições sociais em que se efetiva. Muito menos, é um conjunto de unidades soltas, um repertório de termos, submetidos à rigidez inequívoca de classificações e nomenclaturas. Uma língua viva, seja oral ou escrita, sofre mutações ao longo o tempo, pois o propósito é sempre gerar interação, e, portanto, comunicação. Afinal, trata-se de um produto que é construído em concomitância à história e possui variações que podem ser vistas como prestigiadas ou não.

Do mesmo jeito que não existe escola sem interação, não existe língua sem interação, uma vez que a língua se configura dentro de um meio social. Então, admitir este princípio é escolher, como objeto do ensino da língua, as diferentes atividades interativas que acontecem através do texto, ou seja, atividades de fala, de escuta, de escrita e de leitura de textos – o que, inclui, naturalmente – e com o devido destaque – o texto literário. E é esse conjunto, portanto, que faz da língua a identidade cultural de uma comunidade.

Veridiana Rocha

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Referências:

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO / SECRETARIA DE EDUCAÇÃO MÉDIA E TECNOLÓGICA. Parâmetros Curriculares Nacionais + : ensino médio: linguagens, códigos e suas tecnologias / ministério da educação. Brasília: MEC, 2003.

XAVIER, Antônio Carlos; CORTEZ, Suzana (orgs.). Conversas com linguístas: virtudes e controvérsias da linguística. 2. impr. Rio de Janeiro: Parábola, 2005.