PROTESTO

Ontem um cidadão resolveu protestar contra a discriminação a que se sentia submetido e invadiu o mastro especial na Praça dos Três Poderes, em Brasília, local onde se encontra hasteada permanentemente a Bandeira Nacional, com o intuito de atear fogo no símbolo perene da Pátria. Vale lembrar que ali, na base do mastro, existe uma inscrição: "Sob a guarda do povo brasileiro, nesta Praça dos Três Poderes, a Bandeira sempre no alto, visão permanente da Pátria."

É lamentável ver como estão hoje banalizados os protestos!

Quero recordar aqui apenas dois grandes protestos realizados em tempos recentes: os “Caras-pintadas” em 1992 e as “Diretas já” em 1983, movimentos legítimos que mudaram a história do país.

Não sou contra o direito de ninguém de protestar, de manifestar seu descontentamento, de se fazer ser visto e ouvido em seus propósitos.

Manifesto-me contra o abuso, contra o desrespeito ao direito de propriedade, contra a depredação de bens públicos, contra a falta de civismo, contra a invasão indiscriminada de propriedades rurais e de reitorias de universidades como forma de coerção a exigir direitos dúbios.

Sou contra o jovem que protesta matando crianças inocentes, como ocorreu no Rio de Janeiro; sou contra as mulheres que protestam destruindo décadas de pesquisa na Aracruz Celulose; sou contra movimentos que destroem plantações de laranjas como foi visto em Lençóis Paulista; sou contra a arbitrariedade, sou contra o desmando, sou contra a impunidade, sou contra a violência.

Infelizmente as leis brasileiras ou são lenientes ou apresentam brechas habilmente exploradas e que dificultam a aplicação do rigor que elas deveriam ter. Infelizmente, ainda, muitas outras mazelas ficarão impunes.

Mas fica aqui meu protesto. Veemente, indignado, silencioso, mas genuíno.