Eu sou uma amadora - Biográfico

Eu sou uma amadora, em todos os sentidos.

Eu me confundo e tropeço em todo e qualquer sentimento que apareça. Não sei amar, nem odiar. Na minha ingenuidade acredito em contos de fadas. Mas não no felizes para sempre.

Eu sou uma amadora. Não sei seduzir com nada além de palavras que não me representam bem. Atraio coisas e pessoas a uma imagem de mim que não é real e as faço sofrer por isso. Mas nem por isso mudo.

Eu sou uma amadora. Frustrada no trabalho e no estudo. A indecisão é tão precisa e certa quanto desejos fulminantes e fetiches: Vem, consomem e vão embora. Então eu deito na cama e lamento por ser esse nada completo

Eu sou uma amadora. Meus amigos precisam de mim, assim como eu preciso deles as vezes. Mas a recíproca é dúbia. As vezes eles são amigos de alguém que eles não conhecem. E se dizem que amam essa outra é para perturbar e trazer de volta um lado meu que, eles não sabem, mas nunca volta inteiro. Espero o dia em que ele vá se esfarelar inteiro e nunca mais voltar.

Eu sou uma amadora. Na dor, no medo, no sorriso, na raiva, na vergonha. Não lido bem com o outro. Não conheço a mim mesma. Interpreto constantemente um personagem que se encaixa na situação.

Eu sou uma amadora. Na vida que me leva, tudo que é meu, me foi dado. Meu pessimismo grita sempre, mas minha psicóloga fajuta me diz para ignorar. Eu obedeço, ela deve saber melhor. Ela estudou para isso.

Eu sou uma amadora.Quando tentei me matar, não consegui fazer nada morrer senão a confiança de meus parentes e amigos. Ganhei um habeas corpus. Falhei. E hoje vivo com cicatrizes físicas e emocionais por ser esse flagelo de vivência incapaz de fazer algo grande.

Eu sou uma amadora. Me engano com inúmeros vértices de uma personalidade, em sua base, fraca. Alguns deles são mais frios, insensíveis, racionais. Outros são piegas, calorosos, amigáveis. Mas nenhum deles é equilibrado. É relativamente fácil lidar com isso. Avalio a situação e a pessoa com quem quero lidar e escolho a faceta que se adequa.

Eu só não sou amadora na arte de atuar que não sou amadora. E isso eu faço muito bem. Há esse meu personagem principal que fala mais alto agora e escreve:

Por favor, ignorem esse pequeno texto amador.

Falhei novamente. Mas a faceta fria e calculista já deve vir me possuir e eu não me lembrarei disso que chamamos de sentimento. Em breve vou me sentir bem. E nem ouso pensar em suicídio. A personalidade emocional prometeu e uma coisa que nós (eu) glorificamos é a palavra que qualquer uma de nós dá. Nisso não somos, nenhuma de nós, amadoras.

Talita Tonso
Enviado por Talita Tonso em 07/06/2011
Reeditado em 07/06/2011
Código do texto: T3018900
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