ANTUSA FERREIRA MARTINS!
Um olhar sereno, profundo, impenetrável aos olhares difusos e cristalino para as almas compenetradas...

Eu a conheci quando era ainda criança: minha mãe levava-me semanalmente para receber-lhe o carinho iluminado através do passe espírita.

Nessa época de minha infância eu estudava no Grupo Escolar, ao lado de sua casa: esse grupo tinha o apelido de "mexeriquinha azeda". Quanta doçura!

Quando eu cresci, já adolescente, pressentia sem entender a luminosidade daquela alma encarnada: era uma fila imensa de pessoas para entrar na cabine de passes; na rua ficava uma imensidão de carros estacionados.

Meu único objetivo adolescente era sentar-me naquele banco tosco e numa posição em que ela – Antusa – fosse a médium a transmitir-me o passe. Essa estratégia nem sempre dava certo mas, quando acontecia, era uma felicidade para mim.

O passe de Antusa era um carinho imenso: sinto ainda suas mãos a deslizar-se carinhosamente somente minha cabeça, meu rosto, meus braços.

As mãos de Antusa eram aveludadas... de um veludo extra-terreno.

Após esse passe espírita de carinho, eu – e todos – sentia uma leveza, uma renovação indescritível.

Quem não se conhecia tornava-se amigo – sem palavras: eram sorrisos aproximativos, confortadores e reconfortantes.

Em poucas ocasiões, duas ou três vezes, minha mãe esperava o encerramento dos trabalhos e pedia uma breve palavra com Antusa: sua irmã, Erenice, intermediava a conversa porque Antusa era surda (mas tudo ouvia), era muda (mas tudo falava).

Antusa Ferreira Martins teve por pais terrenos Manoel Ferreira Martins e Júlia Maria do Espírito Santo.

A nobre Antusa nasceu aos nove dias do mês de setembro de 1902 e desprendeu-se da vida física aos trinta dias do mês de julho de 1996.

Desde os quatro anos de idade e em decorrência de meningite, tornou-se fisicamente surda e muda: entretanto, sua clariaudiência e psicofonia eram sentidos extra-físicos de dimensões incalculáveis. Isso tudo sentíamos através de suas mãos, de sua vestimenta simples, de seu rosto, de seu andar.

As mãos de Antusa! Mãos de Luz, mãos divinas, mãos humaníssimas.

A clarividência de Antusa, plenamente desenvolvida desde a infância, transparecia em seu olhar vivo – um olhar de alma superior.

Aos quinze anos de idade, transferindo-se com a família para a cidade mineira de Sacramento, foi apresentada (reapresentada fisicamente) ao iluminado Eurípedes Barsanulpho: reencontravam-se duas estrelas de primeira grandeza da Espiritualidade Maior.

Por aproximadamente dois anos, Antusa e Eurípedes trabalharam juntos no campo da mediunidade; após o passamento de Eurípedes, em 1918, Antusa e a família mudaram e se fixaram em Uberaba. Era o ano de 1919.

A partir de 1919, Antusa começou a freqüentar o Ponto Bezerra de Menezes: a casa espírita de Maria Modesto Cravo.

Pela psicofonia de Maria Modesto, o espírito de Aurélio Agostinho dirigiu-se a Antusa, declarando-se seu Protetor Espiritual. 

De igual, foi trabalhadora mediúnica Centro Espírita Uberabense, no Sanatório Espírita e na Comunhão Espírita Cristã, junto a Chico Xavier a partir de 1959.

Por fim, transferiu suas atividades mediúnicas para um galpão simples, nos fundos de sua própria residência, na rua Monte Alverne: um paraíso na Terra de trabalho incessante e de fidelidade absoluta aos ensinamentos de Jesus - O Verbo Encarnado.

Uberaba, Nova Jerusalém dos povos Caiapó! Terra para onde se transferiram almas iluminadas quais Chico Xavier e Antusa Martins. Por estas almas iluminadas  a Espiritualidade Maior disse, em todas as línguas e de todas as formas: Ave, Cristo!

Carlos Fernandes
Enviado por Carlos Fernandes em 29/06/2011
Código do texto: T3065617
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