Reflexos ruins

Sou, estou e sinto-me – num pretérito, presente e quiçá futuro – apaixonado pelo ser humano, não pelo humano em si, contudo pelo ser, por suas reações, reflexos e concepções. Assim como sempre senti necessidade de acrescentar e integrar sentimentos a qualquer relação entre mim e quaisquer, porquanto assim sinto justo esse meu insaciável observar das respostas, e não algo científico e ímpar. Só que o problema de compor paixão a algo é que se obtém um olhar mecânico, algo através de lentes idealizadoras, assim o apaixonado sempre se encontra em uma visão que aperfeiçoa, contudo não realmente analisa. Sempre deixo intrínseco um sentimento e esperança de que possa ser um direito agir.

Tão interagível, e tão imperfeito animal. Talvez por tantos errares, falsidades e compromissos que não denotam um princípio base de ação, eu tanto descarto, tanto desapaixono e apaixono, tanto observo, testo e reprovo. Esse lance de achar perfeito, insinuar imperfeição e depois atestá-la acaba por gerar um resquício sentimento de decepção; deixa, porém, uma esperança forte indestrutível e incansavelmente disposta para testar de novo, uma hipótese só pode ser quebrada pela contravenção de um teste, de uma experiência que se oponha ao suposto. Talvez sejamos mesmo imperfeitos, pérfidos e corrompíveis, suscetíveis à imposição do poder, da segurança e do conforto; somos, não obstante, até que testem o contrário. Vida longa, portanto, à eterna procura por experimentar o perfeito e, também, ao descarte das falsas relíquias.

(Matheus santos melo)