Tempos de criança

Houve um tempo em minha vida em que eu não lamentava, não reclamava, não precisava tanto de tudo... nesse tempo, não ter, não poder, não ir ... era apenas um fato.

Fato consumado não se contesta, não se lamenta, apenas se conforma. Se conforma no sentido mesmo de tomar o formato da coisa. Se não tinha a roupa certa vestia aquela que tinha, se não tinha o dinheiro do sorvete, apenas olhava e esperava o dia que teria Se todos foram na festa e eu não, qual o problema? Faria a minha própria festa. Meus brinquedos não eram os melhores, mas na minha imaginação sim. Imaginava que meu aniversário caiu no dia perfeito, que meus cabelos eram lindos, que eu era a pessoa mais privilegiada do mundo.

Mesmo morando em um casebre de madeira, mesmo não tendo o carro do ano.

Depois eu cresci, me misturei, vieram então valores de outras pessoas, comparações. frustrações, desilusões. E me tornei insatisfeita, competitiva, desanimada.

Queria poder voltar a ser criança, quando o que ouvia era mesmo o que havia sido dito, quando o que eu dizia era o que as pessoas ouviam.

Queria acreditar de novo, queria poder contar. Filosofar menos e viver mais.

Voltar a simplicidade, onde as coisas eram mesmo o que pareciam ser.

Apenas ser feliz sem nem mesmo o saber.

Rosahoney
Enviado por Rosahoney em 20/10/2011
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