"A Nobre Docência" - FORMATURA DA TURMA 2011 DE PEDAGOGIA / USC - Bauru, SP

Magnífica Senhora Reitora, senhores professores e demais autoridades presentes, ilustres colegas e convidados, boa noite...

Em três anos inteiros, apesar de uma vastidão de informações, uma frase, apenas, resume este momento: “a docência é a mais bela das profissões”, disse uma de nossas professoras, que está, obviamente, presente nesta cerimônia. A cada passo, a cada suor, lágrima e sorriso, descobrimos que esta frase expressa a mais límpida e vívida verdade.

Ensinar é um dever, aprender é uma constância e educar é uma dádiva. Investida de razão estava a incrível poetisa Cora Coralina quando disse: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina".

Semelhantes em sabedoria, Confúcio e Sócrates definiam a educação como um novo mundo a ser descoberto, onde a humildade é a única condutora até além da ignorância. E mais que isso: dar-se conta de sua ignorância é o ponto inicial à plenitude do conhecimento. Plenitude, aliás, que é fugaz, breve e tênue; pois, exemplificando, se conheço minha ignorância, sei que nunca saberei tudo, mas tudo que sei é que devo aprender, agora e sempre. E esta, ilustres presentes, é a beleza da nossa profissão! Além disso, se alguém aqui, sendo professor, disser que escolheu esta carreira, eu divirjo totalmente: a educação não é escolhida, ela escolhe!

É interessante esse caminho de passagem de aluno para mestre. Num dia, lá estamos nós estudando, fazendo prova – e bagunça –, nos descabelando com notas e afins; e em outro, em papel oposto, ensinando, cobrando, corrigindo. Mas ainda mais surpreendente é a conclusão que podemos tirar disso: o mestre nunca deixa de ser aluno, porque para ser um grande educador, é preciso ser um grande educando. É preciso romper as barreiras sociais, culturais, físicas e conceituais, e construir um laço feito de escolhas, coragem e amor.

Ao longo do curso, tivemos muitos modelos pra observar. Professores e professoras de diferentes convicções, métodos, vozes, olhares. Um professor que resume séculos da humanidade em um fluxograma; uma professora socialista e utópica, que quer mudar o mundo e que tem uma alma muito maior que ela mesma; uma supercoordenadora que se multiplica – e teve que ouvir e ver cada coisa; uma professora, que eu quase sempre chamo pelo sobrenome, e que deveria viver para sempre. Enfim, espelhos... Espelhos para todos os gostos!

Ah, e o que dizer da turma... Vou fazer ao contrário, ao invés de defini-la em uma palavra, vou dizer qual palavra jamais seria usada como definição; essa palavra é monotonia. Tudo que essa turma não é, é monótona! Toda noite um caso a ser resolvido! Rimos, choramos, sorrimos, gritamos, brigamos, nos amamos, nos odiamos... Tentaram até nos fazer “lavar roupa suja”, mas haja lavanderia! Mas isso é humanidade, isso é ser humano. E, acima de tudo, aprendemos com nossos erros – e vamos continuar aprendendo.

Para encerrar, cito o grande Aristóteles que, também com uma só frase, resumiu o que é ser professor: “Onde teu talento se cruza com uma necessidade da humanidade, aí está a tua vocação."

E um diploma só honra uma vida, quando essa vida honra o seu diploma!

Uma ótima noite e muito obrigado!

RAFAEL BOTELHO