A pedagogia da religião destrói as bases da fé em Deus

É tão difícil recomeçar. Ainda pior, se recomeçar do jeito errado; Durante anos vivi uma religiosidade e uma moralidade além daquilo que minha mente e meu coração desejavam ou puderam absorver; Aparentemente isso não fazia mal algum, mas à medida que os anos foram passando, isso se tornou um vício, um parasita que me roubou a existência, a fé, a comunhão e, acima de tudo, minha salvação; Contudo, não pôde roubar a minha razão, que por alguns momentos também foi alvo dessa infestação.

Sei que muitos hão de fazer duras criticas ao que escrevo aqui, mas certo estou de que isso produzirá mais beneficência do que a pesada crítica que haverei de receber. Descanso na certeza de que vivi para apreender, empreender e ensinar. De dentro do meu casulo percebi que o tempo do nascimento é designado pela força da natureza e não pela necessidade de existir, tanto que qualquer que arrebenta seu casulo antes do tempo, ao invés de produzir vida, traz morte e fragilidade; De outro lado, é no ostracismo da existência que produzimos as pérolas que nos tornam desejados de exploração por aqueles que desejam extrair algo de bom e enriquecedor; Não significa que devamos passar a vida nesse ostracismo, mas que é preciso sim, e deveras, importantíssimo, o tempo da inatividade, da aparente insignificância, porque é nesse tempo que Deus está nos moldando;

Aos incautos, leigos e religiosos, isso é uma heresia... Que tudo que fiz, fi-lo propositalmente, porque não podia mais viver de mentiras, de uma máscara que tornava em sorriso o que era pranto e de alegria o que era tristeza. Assumir que entrava em um templo e que na intimidade da alma não queria estar ali, que analisava tudo pautado no conhecimento e que a pedagogia do culto já não atraia isso sim, era algo que admitia não fazer bem à minha emoção, tampouco à minha razão. Era um grave atentado contra Deus. Fui promiscuo, não quando pequei, mas enquanto alimentei uma mentira, que estava bem quando na verdade respirava por balões de oxigênio. Fui ardiloso, não quando animosamente deixei o templo, mas enquanto pisei em seu solo com inverdades no coração. Fui frívolo, não quando deixei de ministrar, mas enquanto fazia isso, por mais idôneo que houvera sido, porque na intimidade da alma, sentia-se apenas um palestrante, um motivador, porque agora percebo que preguei sobre um Deus que por muitos anos não conheci.

Se me enveredei por caminhos tortuosos, sozinho o fiz. A ninguém pedi opinião, a ninguém atribuí dolo, a nenhum disse ser culpado. Caminhei na direção do meu coração e assumi o dolo pelo que fiz. Também a ninguém que não confiava me socorri. Aos que clamei, poucos juraram lealdade de fato e a mantiveram no tempo do exílio. Aos que jamais pensei estender as mãos, estes me surpreenderam com alguma beneficência e certa lealdade. Todavia, o caminho que percorri foi de escaladas e abismos. Aprendi a perceber os sacerdotes e os levitas que passaram de largo e reconheci os poucos samaritanos que me acudiram. Raça de víboras, diria João Batista, aquele mesmo que admitiu ser menor que o Mestre... E o próprio Mestre não os chamaria de bem-aventurados... E é isso que encontraremos ao longo da nossa jornada, irmãos que passarão de largo, impiedosos, que falam de piedade, mas negam a eficácia dela, que anunciam obras, mas que são como o címbalo que tine - vazio, oco, porque faltam-lhes o amor. Amar é compadecer do outro.

Hoje, olhando para um passado próximo, vejo que tudo valeu a pena, visto que me despertou a uma nova dimensão e uma nova concepção acerca de fé e de Deus. Aprendi a buscar em um Deus que nos ama violentamente, de um modo impetuoso que nada do que fizermos fará esse amor esmaecer, de um Deus que tem amor furioso e que deseja uma intimidade tão grande que qualquer filosofia, qualquer pedagogia, qualquer doutrina religiosa - tudo isso é ínfimo diante da grandeza de uma amizade que Ele mesmo almeja manter conosco; Nada poderá nos separar do amor de Cristo. Quero reafirmar que Deus nos permite caminhos, que Ele controla de forma genérica a raça humana, mas que esse controle não é força ativa, portanto, Deus não tem culpa dos nossos atos, todavia, pela graça nos resgata dos caminhos que escolhemos. Nossa concupiscência é a força ativa que nos enreda pelo pecado. Nisso pensai...

FidelisF
Enviado por FidelisF em 25/04/2013
Código do texto: T4258058
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