Um Extraterreno sem Igual

     Queria um avô que me ensinasse a amar as estrelas, que esperasse comigo no alpendre amigos de outros orbes para uma conversa bem informal, queria um avô que me apresentasse os elementais das verdes matas para traçarmos planos de uma vida ideal, que me ensinasse a voltar para mim mesmo e que me confessasse a dispensabilidade dos templos construídos sob o falso ideal, queria um avô amante dos astros siderais e que me envolvesse em toda candura que brota da incessante energia cósmica universal, queria um avô alucinado pela terra, pelo odor da chuva e pelo terno acariciar dos ventos em seus acalentos matinais.
      Queria um avô que não contemplasse nenhum mestre com suas verdades inacabadas e religiosismos infernais, queria que me orientasse acerca da perene chama que em peito desperto nos aproxima de nosso ser imortal, queria um avô que conversasse com os bichos, que deixasse os meus chacras reluzentes e mais bonitos, queria que me contasse histórias de como desadormecer nesse mundo onde o amor é o vital, queria um avô que me levasse para a lua, sorridente e amigo, volitaríamos por todo mundo astral, queria um avô que entendesse de ervas e de toda gama de remédio natural, que fizesse dos quatro elementos a melhor canção de ninar e sem igual, queria um avô que me convidasse para as lareiras em meio da selva e que me intuísse acerca do xamanismo mágico e real, queria um avô que batesse papo com outros seres, de diferentes planos e que achasse isso natural, queria que me falasse de como vibrar na frequência do sentir mais fraternal, queria um avô que me ensinasse que mágica é ser sutil mesmo em um mundo denso e baixo astral, que gargalhasse com os carmas, que elucidasse sobre os darmas e que cochilasse em uma casinha montada em uma árvore no seu quintal, queria um avô que me convidasse para um lanche com os mestres ascensos e que em sorrateiro sinal me dissesse que estava tudo legal, queria um avô com seus incensos, com suas magias e com tão poucos medos, queria que me alertasse sobre os atos maus.
      Queria um avô de outro mundo, seria um desejo intenso e visceral, talvez assim quando eu crescesse, em dado momento e despercebidamente eu ficasse comovente ao descobrir que aquele avô que me falava de verdades eloquentes, que transmutava as mentiras da vida em algo muito mais crente,que emocionado junto a mim e secretamente externava que era visto como um ser diferente, era de todos os seres que eu conheci, o ser mais normal,queria um avô assim diferente,seria um transe perfeito,a viagem mais transcendental,para rirmos de nossas aventuras em outros planos debochar dos metodistas convencionais,queria um avô assim diferente,um extraterreno sem igual,que dormisse em árvores,que falasse com as formigas e que não fosse como essa gente que conheço tão insanamente normal.



Dedico a Laércio Fonseca e a todos seres que se dedicam em prol do despertar das consciências.
O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 29/11/2013
Reeditado em 01/12/2013
Código do texto: T4591971
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