CHARLIE SER OU NÃO SER

Vimos ao redor do mundo se espalhar o slogan: "Je sui Charlie" (eu sou Charlie) em honra aos cartunistas da revista Charlie Hebdo, mortos na França por radicais islâmicos. Há toda uma comoção, principalmente quando milhares de pessoas se reúnem para gritar contra o terrorismo e a favor da liberdade de expressão. Mas então, nós, que somos adultos, nos perguntamos: "até onde vai nossa liberdade de expressão?" Aprendemos desde pequenos que nossa liberdade vai até o limite do respeito ao próximo. A liberdade que nos ensinaram é apenas a de agir ou podemos incluir nesse pequeno ensino a nossa liberdade de expressão? Não sou católica, não defendo religião, mas o Papa foi sensato ao dizer que a liberdade implica responsabilidade. Ele deu como exemplo um dos seus cardeais falar mal de sua mãe e ele alegou, brincando, que devolveria o insulto com um soco. Foi uma declaração descontraída, mas que nos faz pensar que em épocas em que a tecnologia permite que o mundo se comunique rapidamente, nós ainda estamos engatinhando em termos de aprender a se comunicar uns com os outros. Creio que nos próximos anos aprenderemos muito sobre a palavra "respeito". Eu sou a favor da liberdade de expressão, desde que essa seja sensata e útil. Que traga benefícios à humanidade, e se for por puro e simples humor, que ainda assim seja sadia. Combatamos o terrorismo com o que temos de melhor em nós: maturidade e sensatez.

Clarim
Enviado por Clarim em 16/01/2015
Reeditado em 13/02/2022
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