Os peixes - Um olhar sobre a rebeldia

Debatendo-se como um peixes recém-pescados, já longe da rede, sem perspectivas, apenas exercitando o instinto de sobrevivência, como se o retorno ao mar fosse o destino mais provável, não a peixaria. Debater-se sem lógica, sem razão, apenas por não serem capazes de conceber qualquer outra opção, tal é a situação dos que já sabem o que não suportam, mas ainda não têm discernimento para cogitar o que desejam.

Em certos casos, bastaria uma nova metáfora, mais rica do que a do pescado sem futuro, uma que permitisse um vislumbre, ainda que mínimo, de outra sorte. Alegorias de fé costumam fazer o papel dessa outra metáfora, desfechos contendo a perspectiva da continuidade da vida em outro formato, para além da evisceração, do caminho da aceitação, da resignação apoplética ou da mais pura desistência.

Exsurge então uma outra categoria de humano, que não se pode comparar ao peixe, o que é esperto demais para crer em fantasias, e inadvertidamente detêm certa noção estatística para saber que o caminho natural do pescado é o forno.

Que fazer se for esse o seu jaez? Entregar-se resignadamente ou lutar sem fé? Não, não estou aqui para dar respostas. Nesse oceano de tristes desígnios, sou apenas um peixe que faz perguntas.