Homenagem à Mulher dia 17-03-2016 no IBAMA
Diretoria: DIPLAN (Diretoria de Planejamento, Administração e Logística)
Ilustríssimas Senhoras  Anna Flávia de Senna Franco, Diretora da DIPLAN –Diretoria de Planejamento, Administração e Logísticsa
Cláudia Moreira Diniz , Chefe do Centro Nacional de Informações Ambientais .Laís Mello E Rose Fidélis , participantes da equipe do Evento.
Aos funcionários desta entidade
Senhoras, Senhores e jovens

Estou falando em nome da Academia de Letras do Brasil-DF, uma entidade que combate qualquer tipo de preconceito e estamos ao lado das diferenças sociais, psicológicas, raciais assim como as de sexualidade, de idade e especiais. Ao mesmo tempo damos apoio a todo tipo de cultura seja literatura, artes plásticas, música e abrimos nossas portas para os jovens, para que eles possam escolher o caminho seguir. Acreditamos sinceramente que através da arte defenderemos a educação como a forma de construirmos ou modificarmos  um país desigual para que levem uma vida digna, com  qualidade e justiça.  

Professamos a igualdade, humanidade e altruísmo e defendemos as diferenças como o meio mais eficaz de podermos ajudar de maneira intrínseca o ser humano. Estamos absolutamente convictos de que o caminho a seguir é o da união, da qual o respeito recíproco é base fundamental. Nós, da Academia de Letras do Brasil/DF aceitamos as capacidades e incapacidades inerentes à condição humana, mas pretendemos atingir o belo na fraternidade.

Mas hoje estamos aqui para falar da mulher, que luta veementemente para que tenha a tranquilidade de pelo menos atingir uma vida autônoma e verdadeira. O que lamentamos é que com todos os direitos que conquistamos, vemos a Leis que foram promulgadas para o nosso bem-estar e mesmo assim o número imenso de mulheres que morrem e são estupradas pela violência incompreensível e na maioria das vezes pelo próprio companheiro. Precisamos mais, muito mais!

Não só a liberdade e o trabalho reconhecido, porém o respeito e a deferência que ainda são ignorados. E não acreditem quando dizem que as mulheres não são unidas. Eu não acredito nisso. Já vivi muito e sempre estive e continuo a ter amigas fiéis, amorosas e que estão ao meu lado nos momentos vitoriosos e aconchegando-me nas tristezas. A indiferença não é do gênero, mas da índole do ser humano em geral. Na verdade, para ser justa devo dizer que muitos homens não encontram no machismo sua fonte de superioridade, mas ainda precisamos muito para alcançar o ideal, se realmente encontrarmos.

O Brasil tem a característica, principalmente em se tratando da mulher de promulgar leis que se somam para que se possa evitar a violência à mulher. Fico indignada ao ver nos jornais a quantidade de mulheres que são assassinadas com uma frieza impressionante e com requintes de crueldade. Não consigo me conter ao sentir uma vida geralmente jovem perdida tão dolorosamente. E para falar a verdade não vejo tanta indignação quando é narrado o fato. De duas em duas horas uma mulher morre e precisamos continuar nessa luta para evitar que as pessoas assistam tais notícias como se fossem um filme não real. 

O que sabemos é que quando uma mulher pede auxílio pela violência de que foram vítimas, as autoridades nada pode fazer porque não existiu um fato objetivo. E aí? Vão esperar ela ser trucidada, violentada, desrespeitada, torturada?
 
O machismo de certos homens  usam como argumento a roupa que a mulher veste,  para  explicar qualquer tipo de estrupo. Como assim? Nem o animal é tão instintivo assim. Não acredito nisso.
Hoje temos a mais recente Lei sancionada intitulada “Feminicídio” e não creio que isso vá resolver a violência que assola o mundo inteiro e particularmente o Brasil.

A impunidade e a falta de indignação desesperam as mulheres de todos os níveis sociais, e o pior é que a medida preventiva para o agressor não se aproximar da mulher maltratada nada resolve. Quem ficará 24 horas ao seu lado para defende-la? Estamos aqui trabalhando, cuidando dos filhos, vivenciando nossas vitórias, tendo esperanças que o sofrimento não se aproxime mais em forma física ou psicológica e não encontramos uma verdadeira solução para que as mulheres possam encontrar sua plenitude.

No momento , quando ultrapasso a maturidade desejo assim como todas as mulheres que trabalham no mesmo projeto deixar uma sementinha que cultivamos em todos esses longos anos e desejamos sinceramente que alguma coisa possa ser usada pelos jovens  para modificar em todos os sentidos a parcialidade e o preconceito que não só humilha mas transforma  a vida feminina em um mar de injustiças por mais que elas sejam batalhadoras e obstinadas.

Vamos lutar mas sem tirar de nossos corações a ternura, o sentimento mais denso que existe na alma da mulher mas certas que se não denunciarmos os maus tratos não conseguiremos jamais sentirmo-nos dignas, altivas e em paz conosco mesmas.

Não sei ainda como vencer tanta barbarismo, não sei. O importante é que devemos ter esperança e confiar em Deus.
Provavelmente estou na última fase de minha vida e deixo  aqui um agradecimento a Deus por três gerações à frente  que me  dão orgulho e enchem meu coração e do meu marido de felicidade. Mas quero até o fim de minha vida lutar para que consigamos vencer tanta indignação que nos faz chorar e nos emocionar pelo sofrimento de nossas companheiras. Nós escritoras temos como principal arma o computador para tenhamos pelo menos a ilusão de estar ecoando em todas as partes do mundo. Não sei se venceremos mas tenho certeza que vamos continuar indefinidamente.

Agradeço à equipe dessa Diretoria o convite para me reunir com essas bravas mulheres que aqui estão e desejando que cada uma possa encontrar o mais importante desde que demos o primeiro soluço quando ainda estávamos tentando sobreviver no dia do nascimento, pedindo  oxigênio: a felicidade. Estou envelhecendo e encontrando na passagem imponderável dos anos forças para deixar aos meus descendentes e aos mais jovens a coragem de compreender que precisamos continuar lutando não para ser mais forte fisicamente do que o sexo masculino, porém para alcançarmos o ideal de nossas vidas junto a eles com a mesma independência  e tranquilidade.
Vânia Moreira Diniz
Presidente Fundadora e Executiva da Academia de Letras do Brasil-DF
Vânia Moreira Diniz
Enviado por Vânia Moreira Diniz em 18/03/2016
Reeditado em 18/03/2016
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