Porque andar
Gosto de andar.
Andar cabisbaixo, não por estar triste,
Mas por pensar
O andar me traz pensamentos,
Por isso fico a bater pernas entre os prédios,
Olhando para os semblantes das pessoas.
Tristes, cansadas, eufóricas.
Sinto conhecer suas dores e suas alegrias
Parece que sei pelo que passam
E ao final, as conheço, sinto-me um amigo, um confidente
Gosto de fisionomias,
Gravo-as em minha memória,
E vou somando-as a tantas que já estão comigo
Não perco uma sequer, e um dia, se as encontrar novamente
Terei certeza que já às conheço
Estranho hábito de olhar pessoas
Pra que olharia eu então,
Se não para outros como eu?
Olharia para as ruas, ou prédios velhos?
Olho para as feições que passam,
E dizem o que querem, mesmo sem palavras ou olhares.