Nostálgica Angústia brasileira
O brasileiro, nostalgicamente ligado ao passado de seus colonizadores e sua organização patriarcal, sente a angústia de um país que supostamente "deu errado" e busca em suas raízes europeias brancas, algum tipo de pretexto para repelir qualquer lembrete desse fracasso, tomando quem não possui pele alva como a força motriz do estado de degradação brasileiro.
Ao clamar por sua ascendência caucasiana e deliberadamente ignorar a genealogia, majoritariamente indígena e africana, busca-se uma suposta superioridade, projetada pela estética de uma pele clara, cuja base está no âmago de muitos, sustentada ainda pela imagem do patriarca colonial. Tem-se aí alguma isenção da culpa que acomete muitos.
A crescente venda dos clareadores de pele, além de ser uma exoneração dessa "responsabilidade", é também uma das máximas racistas implícitas do íntimo não só presente no brasileiro, assim como o indiano, entre outras nacionalidades.
Os homens não hão de serem culpados por sua(s) ascendência(s), mas pelas atitudes que destas partem, indo além do racismo e atingindo a autonegação do ser. Seja a aceitação ancestral uma das vias de estancamento dessa ferida história, com o pressuposto, não maquiavélico do "aparentar ser", mas ser a si em sua essência.