A MENTIRA A DIGNIDADE NOS TIRA
 
Qual a diferença entre verdade e conhecimento? A verdade é o que é, enquanto o conhecimento é o que nós pensamos que é, ou seja, o conhecimento é uma certa relação de conformidade, de semelhança, de adequação entre o sujeito (o ser humano) e o objeto (o mundo a nossa volta). Por isso, nós podemos afirmar que nenhum conhecimento é, necessariamente, a verdade! A verdade está além de nossas sensações!
Dito isso, é importante observar que aquilo que nós julgamos como conhecimento pode não se coadunar com a verdade, com a realidade dos fatos, ou seja, pode ser uma mentira! Seguindo essa linha de raciocínio, você precisa saber que existe um recurso retórico chamado metonímia, muito utilizado nos textos literários, mas que também pode ser utilizado contra você nos discursos mentirosos e mal intencionados daqueles que querem se perpetuar no poder! Nesses discursos, verifica-se a substituição de um termo por outro, com uma relação de semelhança e proximidade entre os termos, trocando-se o concreto pelo abstrato (“o homem nasce bom e a sociedade o corrompe” - é o ser humano que corrompe outro ser humano, e não a sociedade); trocar a causa pelo seu efeito (“a corrupção está destruindo o Brasil” - a corrupção é apenas o efeito, e não a causa, pois a verdadeira causa da corrupção é a falta de ética e de educação) ou então trocar o agente pelo seu instrumento (“as armas matam” - são as pessoas que apertam o gatilho e matam). 
Importante observar que atribuir qualidades humanas a entes abstratos é uma das características do discurso metonímico, que se revelou, notadamente nos últimos cem anos, como uma retórica falaciosa, extremamente eficaz e insidiosa, haja vista que, na vida em sociedade, as ações efetivas são praticadas por seres humanos, não por entes abstratos. 
Não obstante os conflitos de interesses e divergências políticas, esse tipo de discurso é utilizado com relativo sucesso por políticos autoritários, obcecados em se perpetuar no poder. É fato notório que os infortúnios de qualquer ser humano são causados pela natureza, por outro ser humano ou por ele mesmo, premissas que, de certa forma, confirmam a máxima de autoria do dramaturgo romano Platus: “O homem é o lobo do homem”, tornada célebre pelo filósofo inglês Thomas Hobbes. 
Isso posto, devemos observar que as pessoas é que são boas ou más; a democracia não é má, tampouco é boa, pois os governantes, que são eleitos pelo povo, é que são bons ou maus.
Dito isso, vocês conseguem perceber alguma semelhança com os discursos da maioria dos políticos atuais? A utilização da metonímia confunde as pessoas, pois tira os verdadeiros responsáveis do protagonismo das ações criminosas e atos ilícitos. Pense nisso, e não se deixe enganar!
Osmar Ruiz Júnior
Enviado por Osmar Ruiz Júnior em 04/03/2019
Reeditado em 19/02/2020
Código do texto: T6589058
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