POR QUE NÃO ME UFANO DO MEU PAÍS

Regozijo-me com meu fantástico país. Brasil da imponência, do ouro abundante nas aluviões, da bauxita incrustada nos promontórios, do diamante reluzente nas fendas das rochas.

Brasil que ostenta um carnaval o qual fascina brasileiros e estrangeiros seja na Marquês de Sapucaí, no sambódromo do Anhembi, no Farol da Barra ou nas ladeiras de Olinda.

Brasil onde viceja a maior floresta tropical do mundo, que possui um Rio Amazonas, o mais caudaloso do planeta, em cuja foz a pororoca encanta pelas suas particularidades. Um Cristo Redentor que do alto abraça, dando boas vindas aos visitantes que chegam seja pela Ponte Rio-Niterói ou pelo Tom Jobim.

Brasil dos belos arranha-céus que se desmancham com a neblina da Avenida Paulista e do Morumbi. Do Maracanã e do Parque Antártica lotados de torcedores festivos. Do espelho d`água da Lagoa da Pampulha que, refletindo os contornos da Serra dos Currais, forma um Belo Horizonte. Do churrasco suculento regado a chimarrão. Da Chapada Diamantina, cujo resplendor faísca aos olhos dos visitantes. Um lençol que o Maranhão nem necessita de cobertor. Do calor humano do Nordeste dispensa esses atributos, pois o frescor proporcionado pelo suco de umbu, cajuína e buriti sossega o paladar. Do pantanal repleto de bichos de rara beleza. Do Plano Piloto, em cujo centro uma cidade tão bem traçada provoca inveja em arquitetos internacionais.

Aí, meu Brasil festeja o carnaval e a vitória no futebol não com fogos de artifício, mas com tiros de fuzil e acerta o peito do menino a caminho da escola. Inunda o Amazonas e o São Francisco com agrotóxicos. Abarrota as valas feitos pelos homens para escoar mercúrio e contaminar o sangue dos ribeirinhos. Enfeita o céu cinzento de São Paulo com gás carbônico e enxofre e empurram o CO2 para nosso pulmão. Joga detritos nas grotas que outrora podiam ser chamadas rios. Mata os bichos do Pantanal que no passado nos encantaram com sua beleza. Ateia fogo na caatinga já ressequida e faz do Nordeste um deserto. Entorpece de maconha e cocaína os rincões do país e volta para casa com o cartão de crédito estourado. Lota um plenário de engravatados, criaturas que se dizem representantes do povo, cujos atos apenas arruinam a vida do povo.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 16/05/2019
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