DISCURSO DE FORMATURA DA TURMA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS UPE-FCAP - 2º Semestre de 1992

Magnífico Reitor, Professor Júlio Fernando Pessoa Correa,

Ilmo. Diretor, Professor Fernando Antonio Gonçalves ,

Ilma. Coordenadora de Graduação, Sra Inalda Costa de Lucena,

Ilmo. Paraninfo, Deputado José Chaves,

Ilmo. Professores e Funcionários Homenageados,

Queridos Pais, Nossos Patronos,

Senhores e Senhoras aqui presentes,

Boa Noite!

Inicialmente, quero agradecer aos meus colegas a confiança depositada, quando me escolheram para proferir, neste dia tão importante para todos nós, algumas palavras que procuram expressar o pensamento da Turma e servir de reflexão ao início desta nova jornada.

Senhores, citando São Tomaz de Aquino, O tempo não corre debalde, nem passa inutilmente sobre nossos sentidos; antes, causa nos nossos espíritos efeitos maravilhosos. Encontramos na vida acadêmica coisas que nos cativaram fortemente a alma. A importância de aprender e ensinar reciprocamente, o valor de discutirmos idéias a ponto de discordar de nós mesmos, a habilidade de conviver com a divergência de opiniões ou de interesses e, ainda, uma coisa bastante valiosa, mágica e rica que conduziremos nova caminhada: a aquisição de conhecimentos que nos instrumentaliza a atuar na vida prática como agentes de mudanças e responsabiliza-nos pelos rumos que nossa sociedade poderá tomar. O uso constante de um senso crítico positivo aliado a uma ação permanentemente construtiva é atitude imperativa para contribuirmos com a redução das nossas mazelas sociais.

Ao abraçarmos esta Profissão tão jovem, abraçamos também seus múltiplos desafios. Exercê-la é estarmos em sintonia com as mudanças que se estão processando no mundo. A internacionalização da Economia, a globalização das organizações, a terceirização das empresas para reduzir custos e ganhar produtividade, o surgimento de novas técnicas de gestão e de qualidade como o just-in-time e o Controle Estatístico de Processo, a crescente automação industrial, a abordagem japonesa que visualiza as Organizações como grupo de pessoas -diferentemente de nós, que as vemos como Sistema - ordenam-nos a reciclagens permanentes através de Seminários, Simpósios, Debates e Cursos de Aperfeiçoamento. Exercer a profissão de Administrador requer atualização constante e participação efetiva na solvência dos problemas da organização e da comunidade.

O efetivo exercício da nossa profissão implica em ocuparmos os espaços que nos tangem dentro das Organizações e atualmente estão preenchidos por outros profissionais. Temos por obrigação, quer seja como empresários, consultores de empresas, gerentes, dirigentes de classes, ou professores, lutarmos por esta conquista. Não podemos deixar que outras profissões invadam a nossa área. É necessário que se delimite o campo de atuação de cada uma e se criem mecanismos que nos garantam a gerência das Organizações, pois somente assim poderemos assumir nosso verdadeiro papel de Administrador.

Exercitar a nossa profissão significa trabalhar pela conscientização das Organizações de seus papéis na formação de novos profissionais. A visão do mundo e a capacitação intelectual, as faculdades nos oferecem, o conhecimento prático e o feeling gerencial deveremos buscar na experiência que só as empresas podem-nos oferecer. Abrir as portas para o estudante realizar pesquisas, dando-lhe os subsídios e os materiais necessários, contribui à sua formação. A oferta de estágios que funcionem como urna ampliação da escola e não como um instrumento de mão-de-obra barata tem sido um objetivo perseguido, porém raramente alcançado, pelas nossas universidades. As Organizações têm que oferecer estágios que não tirem o aluno da sala de aula, mas que funcionem como um laboratório onde ele vivencie desde cedo os problemas de administração. É nosso dever zelar para que possamos, amanhã, dar esse instrumento às nossas universidades.

A crença na justiça social e na dignidade da pessoa humana deverá ser o leme que nos orientará no exercício de nossa profissão. Nenhuma turbulência deverá afastar-nos dos valores sociais do trabalho. Nenhuma tempestade, nem mar revolto deverá desviar-nos do desempenho digno de nossas atribuições. Sejamos críticos contumazes dos nossos atos para que nunca nos afastemos dos nossos objetivos, quer estejamos exercendo funções em empresas privadas, estejamos servindo às repartições públicas. A nossa missão não se limita ao gerenciamento das organizações e às técnicas de planejamento, organização, direção e controle, mas envolve a melhoria da qualidade de ensino, a criação de novos empregos, a preservação do meio ambiente e, de um modo mais abrangente a melhoria da qualidade de vida.

A nossa realidade social precisa ser repensada, e nós, como agente de mudanças que somos, imbuídos de maiores ânimos, temos a responsabilidade de assentar os tijolos para a construção de uma sociedade solidária e justa, livre da pobreza e da marginalização.

Muito Obrigado!

(Recife (PE), 04/08/92)

Rubens Leite
Enviado por Rubens Leite em 13/11/2005
Código do texto: T70845