Aprendemos

Quando recebi o diagnóstico da Yasmim(autismo severo) pareceu que o meu destino estava traçado; uma vida de renúncia, sem perspectiva, viver um dia de cada vez! Sem rodeios, uma sentença, uma condenação! Chorei minha revolta pelo "castigo". Até não ter mais lágrimas.

Mas minha essência não queria se entregar. Questionava o que era  apresentado como solução e o lugar de mãe de deficiente. Não gostava do adjetivo "guerreira" e do título de santa! Não era. Queria uma vida normal para mim e para minha filha. Que ela não fosse vista como um ET.

Dava graças por ela não perceber os olhares de censura e pânico diante das reações dela. Com o tempo me conscientizei que precisava estudar para ajudá-la. Na formação percebi que não era só isso. Precisava lutar por um mundo que não fosse tão complicado para ela. Enfim um mundo onde ela tivesse todas as possibilidades. Esse mundo não existia, nem para mim, mulher, negra, pobre e mãe de uma deficiente. Prognósticos nada animadores.

Ao invés de colocar a mão na rosto e me conformar decidi arregaçar as mangas, porque chorei o que tinha de chorar.  Cobrei das pessoas que poderiam fazer algo para ajudar. Notei  que se não aumentasse a representatividade desses grupos. Que desde a invasão de 1500, sim portugueses invadiram terra já habitada; minorias étnicas, os ditos diferentes e se prestarmos atenção, pobres, não têm voz e nem vez. Preteridos na educação, na qualidade de vida, lógico na saúde. Esta, diretamente me interessa. Não só eu! É uma batalha diária para encontrar e proporcionar aos nossos filhos, assistência digna e necessária.

E de repente, vejo o país se iludindo  com promessas fáceis de pessoas que acham mimimi nossas dificuldades diárias. Percebi que não é despertando pena que vamos ser ouvidos. É lembrando que somos eleitores e vamos cobrar dos eleitos coisas que levem em conta essa parcela esquecida por que nós os responsáveis não temos coragem de reclamar e eles por saberem que aprendemos desde cedo a nos conformar calados, por que a vida sempre foi assim...

Quem disse que tem que continuar?

Os que não precisam pedir porque tem?

Ou talvez, descubram da pior forma que ninguém está imune! E o rico dinheirinho deles, não compra a saúde! Portanto, senhores candidatos, meçam suas promessas e não destilem asneiras. Estamos atentos e vigilantes, a palhaçada de 2018 não vai se repetir.