Feliz ano menos duro

O que direi desse ano?

A retrospectiva pessoal e familiar foi muito dura. As retrospectivas global e nacional foram duríssimas. Não vou nem me ater a questão política. Me dá náuseas. Vou focar apenas na questão da família, compreendendo todos os formatos, é claro! Compreendo que o tempo está esgotando para a primeira filiação de meus avós maternos. Mas, ao mesmo tempo, vimos o tempo findar para uma parte da segunda geração. Não foram naturais. Mas ao mesmo tempo, foram generalizadas para outras famílias também. Perdas de gente próxima: mães, companheiras, pais, companheiros, filhos, filhas, amigos, amigas, enfim perdas de entes de relações diversas e significativas. Não foram naturais outras perdas anteriores. Mas foram mais elastecidas no espaço-tempo. Perdemos, inclusive, nosso espaço-tempo, mesmo que parcialmente, contrariando a pós-modernidade dos ricos propalada por muitos pensadores. Tudo isso tornou 2020 muito mais duro. Isso não quer dizer que se perdeu a capacidade de ser feliz, de se emocionar, de achar momentos para imprimir sorrisos. Nem tampouco que acabou a esperança. Mas exige uma reflexão, uma compreensão diferenciada sobre o que seria um feliz ano novo. Então, o que desejar para o ano vindouro? Um feliz ano novo? O fim da pandemia? A imunidade coletiva? Uma vacina milagrosa? Desejo a toda humanidade um ano menos duro, porque a felicidade, nesse momento, depende de uma referência que foi a dureza desse 2020 anterior.

PG Alencar (30/12/2020).