É possível ser feliz no casamento

Começo dizendo que não existe casamento perfeito. Aliás, isso também pode depender muito do que você entende por “perfeito.” Se pra você perfeição representa um lar sem dificuldades, sem desentendimentos, sem necessidades, “um mar de rosas”, pode ter certeza, você estar equivocado. O que estou escrevendo falo por experiência de oito anos de casado, e não porque alguém me disse.

Por diversas razões casar-se é uma das experiências mais sublimes que o ser humano pode experimentar. É muito gostosa a ideia de saber que iremos dormir e acordar todos os dias junto daquela pessoa por quem temos amor e paixão. A meu ver não existe nada mais prazeroso que viver uma paixão totalmente desimpedida, a dois, na calma e sossego de um lar. Ter os nossos desejos sexuais satisfeitos por alguém que, mediante o vínculo do casamento, sendo este baseado no amor, é um fator que nos complementa. Porém, não devemos pensar que o sexo seja o alvo primordial do casamento, porque além dele existem também o companheirismo, a troca de experiências, a reciprocidade, o carinho, o respeito e tantas outras coisas que são essências para que haja uma união feliz.

Como mencionei no início deste texto, começamos mal quando pensamos que casamento perfeito é aquele que não apresenta problemas. Este casamento não existe. Aliás, não existe um relacionamento humano que não traga consigo as suas divergências e adversidades. Com o enlace conjugal não é diferente. É impossível que duas pessoas vivam juntas e nunca tenham que enfrentar uma tempestade. Porém, o fato de que existirão entraves não deve desestimular os aspirantes ao matrimônio, muito menos minar as esperanças dos casais. Assim como é verdade que ambos enfrentarão reveses em suas vidas, é também verdade que poderão viver muitas alegrias e felicidades juntos. A vida de casado não é só monotonia ou problemas.

No entanto, para que possamos lograr êxito na vida conjugal, faz-se necessário que saibamos, antes de qualquer outra coisa, reconhecer as fraquezas um do outro. Parece clichê, mas a frase “ninguém é perfeito” possui grande relevância no âmbito dos relacionamentos. Precisamos, portanto, entrar no relacionamento com a convicção de que nem eu nem o outro somos impecáveis. Imagine o seguinte acontecimento: Dois jovens se casam. O marido é um bom rapaz, esforçado e trabalhador, mas pelas intempéries das circunstâncias sofre uma perda de posição na empresa onde trabalhava. O motivo: foi substituído por outro funcionário mais competente. E isso resultou em uma queda no seu salário no final do mês. Ao saber do ocorrido, a esposa esbraveja, chora, lamenta que não poderá viver com tão pouco, e imediatamente lança a proposta. Diz que vai embora para a casa de seus pais, pois não suporta viver com quem não possui competência para sustenta-la.

A atitude dessa esposa foi terrível. Certamente ela pensava que o seu amado fosse um super-homem, alguém com plenas capacidades, e que nunca iria lhe desapontar. Embora ela confiasse na inteligência de seu esposo, não deveria achar que ele jamais iria falhar. Portanto para ela restou somente a frustração e o desgosto, tudo isso em razão de ter atribuído infalibilidade ao seu marido. E aqui citamos apenas um caso relacionado a vida material e financeira do casal, mas é óbvio que existem outras esferas nas quais ao longo do tempo vão se evidenciando as imperfeições um do outro. Portanto, se queremos viver um casamento mais feliz, reconheçamos e aceitemos as nossas incapacidades e aprendamos a cultivar o imprescindível valor do perdão.

No caso citado, a esposa deveria, se quisesse efetivamente zelar pela paz relacional, abrir-se para o diálogo com o seu esposo, e nunca ser breve demais para condenar e sair criticando. Esse é o grande problema das pessoas que não conseguem manter a união: elas simplesmente não entendem a fraqueza do outro, sempre acham que estão certas, sem nunca pararem para refletir com mais cautela sobre as circunstâncias. A pessoa que é rápida para enxergar os erros dos outros e lenta para compreender que somos humanos sujeitos a pecar, jamais terá êxito em seus caminhos. Quem não se dispõe a tolerar as “pisadas na bola” do outro, e exige que “todo chute seja gol” não possui habilidade para gozar os prazeres de um casamento satisfatório.

Pires Teixeira
Enviado por Pires Teixeira em 04/11/2021
Reeditado em 04/11/2021
Código do texto: T7378465
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