QUEM ROUBA DO POVO, TIRA DE DEUS

“Dinheiro público não tem dono”. Foi com esse sarcasmo penoso que uma alma imatura, maculada pela loucura insensata do “bem viver” a todo custo, e que segue na cartilha da malversação do erário do povo, desferiu expressão tão indigna. Só uma mente insana, que finda o sentido de sua vida apenas nos valores materiais e certamente adoecido pelo vírus da ambição desenfreada se posicionaria de maneira tão aviltante, escabrosa e maldosa. Oh, quanta insensibilidade!

Mas infelizmente ele não está sozinho nessa gana de “catar” o que não é seu. Dinheiro público tem dono sim, e somos todos nós. Existem mentes delirantes, forjadas nas artimanhas mais perspicazes que buscam na vida senão a locupletação ilícita, desempenham a função pública como patrimônio pessoal, sem se aperceberem que apenas ESTÃO sob a outorga temporária de um referendo popular, e que não SÃO eternos mandatários. Quanta ignomínia. Assaltam descaradamente os cofres públicos, são dotadas de um cinismo encantador, com requintes de pueris posturas, pois mesmo sem fazerem uso dos óleos atenuantes e maquiadores para desavergonhadas expressões ( a exemplo do Óleo de Peroba), saem às ruas sorrindo para o mesmo povo que lhe foi vítima dos surrupios nefastos. Tudo muito ao natural, com sentimentos de malvadeza tamanha, que julgam-se por isso serem seres superiores. Oh, quanta inferioridade!

Quero crer que esses lobos camuflados de ovelhas devem ter um travesseiro com fragrância de morfina, sim, porque ao deitarem certamente não conseguem dormir. Podem fugir de muitos, corromperem, exterminarem, comprometerem, envolverem outros tantos da mesma estirpe para lograrem sucessos nas suas investidas, mas certamente, a consciência tal qual uma sentinela de Deus em suas mentes, não baixa a guarda, sofrendo assim seu primeiro flagrante no ato delituoso. Começo seriamente a acreditar que a doença da idiotia também permeia o circulo dos ditos “espertos”. Roubar dinheiro público é violar seriamente os direitos humanos. Se sonos tranqüilos não têm esses pobres de espírito, certamente haverão de perecer sob pesadelos insones e torturantes. Que vazio trazem consigo? Pois acreditam serem “preenchidos” com valores tão efêmeros, que um simples bafejo dos desígnios divinos, eis que lá estão no sepulcro, reduzidos ao pó e, por conseguinte na angústia de não terem em que mais se entreter, nem mesmo nos falsos valores tão “ardorosamente adquiridos”. Oh, quanta imaturidade!

Chega a ser risível a petulância de alguns, que após roubarem durante o dia, pensam a noite aliviarem a consciência, apresentando-se perante Deus, geralmente de maneira pública, como seu seguidor e comprometido com a causa Cristã, ora que afronta tentar enganar ao próprio Pai. O império romano viu ruir suas águias, seus palácios, seus deuses... Isso não basta? Suas crenças nos sortilégios e na prosperidade em detrimento da miséria de outrem trouxeram castigos na mesma proporção dos sofrimentos coletivos. Que pensem esses incautos, antes da prática de tão condenada ação, posto que a justiça divina não falha. O que fácil se ganha, facilmente se esvairá. Oh, quantos equívocos!

Quem pelo caminho do mau se inicia, mancomunado com quem já fez disso uma profissão, deveria temer a justiça da Lei do Retorno e se não se faz aqui necessário citar exemplos, é porque a vida já anda cheio deles, que digam os cegos que não quiseram ver e os audientes que não escutaram as boas e corretivas lições. E se ainda podemos citar o faro como opção, que cheirem a própria putrefação do espírito que tanto pede um caminho contrário. Mas acaso ainda não sejam satisfatórios tais sentidos divinos, quem sabe o paladar não antevenha o gosto amargo dos infortúnios futuros, quando degustarem o vinho Barolo Dogg Parej , ou uma dose de whisky Macallan, em que as idéias se misturam e a embriaguez depressiva traz a tona a imagem de crianças bebendo água podre em riachos poluídos. E se mesmo assim apelarem para o último dos sentidos tangíveis, que toquem no próprio coração que certamente devem encontra-se na metástase da declinação moral e espiritual. Mas como crédulo que existe o caminho da salvação, e que entre o céu e a terra encontra-se o nosso sexto sentido a ser despertado, acredito na redenção dos que ainda estão nos caminhos desvairados dos sentidos unicamente materiais. Oh, quanta estrada ainda pela frente!

Jairo Lima

Jairo Lima
Enviado por Jairo Lima em 18/02/2008
Reeditado em 21/02/2008
Código do texto: T864337