"Big Brother" - A nova era do Grande Irmão

1984 é o título de um livro do escritor indiano Eric Arthur Blair, com o pseudômino de George Orwell. A obra retrata uma sociedade idealizada subjulgada pelo poder de um Estado autoritário. Esse Estado controlador da literatura de Orwell é chamado de Grande Irmão, uma criação visionária do autor, segundo a qual, existiria uma sociedade sem liberdade de escolha, vítima inevitável da ignorância. Segundo citações:

"De fato, Mil Novecentos e Oitenta e Quatro é uma metáfora sobre o poder e as sociedades modernas. George Orwell escreveu-o animado de um sentido de urgência, para avisar os seus contemporâneos e as gerações futuras do perigo que corriam, e lutou desesperadamente contra a morte - sofria de tuberculose - para poder acabá-lo. Ele foi um dos primeiros simpatizantes ocidentais da esquerda que percebeu para onde o stalinismo caminhava e é aí que ele vai buscar a inspiração - lendo Mil Novecentos e Oitenta e Quatro percebe-se que o Grande Irmão é baseado na visão de Orwell sobre os totalitarismos de vária índole que dominavam a Europa e Ásia na época. Stalin, também Hitler e Churchill foram algumas das figuras que inspiraram Orwell a escrever o romance.

O estado controlava o pensamento dos cidadãos, entre muitos outros meios, pela manipulação da língua. Os especialistas do Ministério da Verdade criaram a Novilíngua, uma língua ainda em construção, que quando estivesse finalmente completa impediria a expressão de qualquer opinião contrária ao regime. Uma das mais curiosas palavras da Novilíngua é a palavra duplipensar que corresponde a um conceito segundo no qual é possível o individuo conviver simultaneamente com duas crenças diametralmente opostas e aceitar a ambas."

Decidi escrever sobre o temível "Grande Irmão" pois comumente hoje se fala no tal Big Brother, e pouco, ou nada se sabe a respeito dentro do universo popular. De fato, o Big Brother divulgado pela rede Globo, emissora de televisão, é senão uma apologia, ou uma citação do Grande Irmão de George Orwell. E tal qual o Irmão da obra fictícia, o Irmão da televisão a todos espiona e revela seus mais íntimos segredos e hábitos. Mas no meio disso tudo existe uma contradição muito séria e constrangedora. Como um rei austero, erguido pelos súditos, a emissora Globo propaga e vende a idéia da soberania, do poder ao acance das mãos. Você pode espionar, você pode saber da vida alheia e ser o juiz, julgando quem está certo e quem está errado. É triste. Como rei soberano, a mídia nos transforma em bobos da corte, submissos à sua vontade a toda e qualquer hora. Alguns arriscariam dizer que trata-se do "panis et circenses" atual, ou seja, a política do Pão e circo de hoje, visto que essa política foi praticada por Augusto, imperador de Roma, para conter os ânimos da multidão.

De qualquer maneira, minha opinião é que, ao colocarmo-nos como sujeitos diante desse abominável programa televisível, nos rebaixamos a um nível tal de estupidez, que é vergonhoso e até de certo modo grosseiro tratar desse assunto. Não estou aqui para julgar, não quero ser um juiz também. Afinal, se o capitalismo nos dá liberdade, quem sou eu para querer tirá-la das pessoas não é? Mas a mesma liberdade que te permite continuar assistindo ao patético BBB, me permite também continuar criticando o mesmo. Portanto aos que se sentirem ofendidos, peço perdão, mas minha opinião não pode ser omitida.

Continuando. temos também o honorável braço direito do nosso Grande Irmão global, o igualmente ridículo Pedro Bial. "E agora vamos falar com nossos heróis". Heróis? Seria cômico se não fosse trágico. O repugnante apresentador eleva à condição de herói um bando de pessoas, logicamente contratadas pela produção do programa, que passam meses "sacralizando" o instinto humano da competição, e que se submetem a várias situações e condições morais vergonhosas por causa de dinheiro. Meus amigos leitores...vejam só isso...esse é o nosso mundo.

A TV alimenta a boca de jovens famintos por ignorância, alienação, e os pais sofrem muito para reeducar os filhos dessa nação indigente. "O país vai bem, mas o povo vai mal", quem viveu se lembra dessa frase. Hoje acontece a mesma coisa. Ataques constantes à ética humana, seja em prol do progresso da ciência, seja em prol do controle social, seja em prol do capitalismo, e em última instância, seja em prol do individualismo.É deprimente a situação do povo. Heróis? Onde estão nossos heróis? Eu respondo. Estão no povo. Falar de Tiradentes... não, não. Herói não existe pra bancar um feriado. Os verdadeios heróis somos nós, o povo brasileiro, pessoas simples, pessoas ricas, pessoas trabalhadoras que sobrevivem dentro de um Estado fraco e lutam dia-a-dia pela manutenção de uma vida digna. Esses são os verdadeiros heróis. Pessoas que devem ser lembradas, os tantos "Joãos" e "Marias", "Josés" e "Antônios", esses são os heróis do Brasil.

Enrico Vizzini
Enviado por Enrico Vizzini em 23/03/2008
Reeditado em 26/03/2008
Código do texto: T913066